quinta-feira, 25 de maio de 2017

Rangidos na Nova S10

Já teve a infelicidade de andar com sua S10 e ouvir um rangido muito irritante, especialmente quando você passa devagar em ruas esburacadas (ou seja, em qualquer rua), que te dá a sensação de estar dirigindo uma charrete? Chega a dar vergonha de tão alto e irritante que é o barulho!

Metade deles vem da suspensão: portanto, é importante fazer uma limpeza nas articulações da suspensão, bem como nos feixes de mola. Utilize algo do tipo WD-40, ou Car-Lub da Snap-on (mais barato e de excelente qualidade. É o mesmo fabricante do descarbonizante Car-80) para fazer essa limpeza. esse tipo de óleo não ataca as borrachas.

Um belo sábado lubrifiquei todas (todas mesmo) as articulações, feixes e buchas da suspensão do carro. A princípio tudo parecia bem, mas não andei 100m e ainda havia um barulho! Pensei: bem que dizem que é só acabar a garantia que o carro se acaba também!  Aquele barulho já estava consumindo meus neurônios.

Comecei a olhar todos os pontos da suspensão que passaram desapercebidos pela minha lubrificação com Car-Lub. Eis que me deparo com o coxim superior do amortecedor dianteiro. Apliquei o óleo ali e como se fosse mágica o rangido desapareceu!

Rangidos na parte dianteira:

Tudo o que você vai precisar é: feltro auto adesivo, desses que você coloca na parede pra maçaneta não estragar a parede ou para a cadeira não fazer um escândalo ao ser arrastada. 


Utilizei um feltro em fita, que normalmente uso para tirar rangidos dos painéis de acabamento. Recortei dois quadrados e colei.

Se você for um pouco mais caprichoso, você também vai precisar de um pouco de álcool para limpar a superfície 

Passo 1: abra o capô 
Passo 2: limpe a superfície do batente do capô.

Foi isso que eu chamei de "batente do capô"

Passo 3: cole o pedaço de Feltro

Sim, é só esse o problema.

Passo 4: encontre a paz interior.

Aquele barulho chato simplesmente desaparecerá. E tudo porque um batente de borracha que fica em contato com o batente de metal quando fricciona range, toda vez que o carro passa por imperfeições na pista!

O batente de borracha responsável pelo rangido. Caso o feltro que você utilize seja muito espesso (mais de 2mm), gire um pouco essa borracha no sentido horário. Você vai perceber que ela "abaixa" quando é girada e isso mantém o nivelamento correto do capô.

*Outros lugares que podem produzir barulhos irritantes em caminhonetes: ancoragem dos estribos, espaçadores da carroceria e caçamba com o chassis, batentes dos feixes de molas. Todos esses pontos podem ser lubrificados com o óleo recomendado no início do texto.

Então é isso! Até o próximo Dia de garagem!

sábado, 20 de maio de 2017

Por que um Suzuki Jimny?

Jimny é um jipe para pessoas decididas, que já sabem onde estão e sabem onde querem chegar.

Vale a pena comprar um Jimny? Esse artigo tem muitos argumentos para responder essa pergunta!

Não é uma opção para quem quer um SUV urbano, afinal não é concorrente dos demais utilitários: não tem porta malas grande, não tem mimos e nem esbanja espaço interno. Conta com caixa de redução de marchas que dá a ele uma enorme vantagem fora de estrada e é disso que ele precisa e é exatamente o que você vai querer em uma situação Off Road.

Se as montadoras se lançam ao ao argumento de que não precisam de redução porque a primeira marcha dos câmbios automáticos de 8, 9 marchas atuam como a "Marcha Reduzida", os trilheiros experientes já sabem: a relação de marcha dos SUVs urbanos não surpreende. Perguntar em fórum off road se um SUV urbano 4x4 aguenta trilha, só se for para passar vergonha.

Feche as revistas automotivas: essa avaliação dispensará os termos "interessante", "apaixonante", "bonito", "belo acabamento"... Simplesmente termos que não avaliam precisamente um carro e te fazem acreditar que algo é bom ou ruim sem um embasamento prático. Não farei nem mesmo as provocações diretas: apenas as comparações justas e práticas, uma avaliação digna para o carro que o Jimny se propõe a ser.

O motor não cospe potência pelo escapamento e o design parou no tempo, mas não é nenhuma aberração. Muito pelo contrário, o desenho é limpo e atemporal. Não tem o apelo visual de um Renegade nem espalhafatoso como um HR-V, mas tem os atributos de um Troller quando fora de estrada e muitos pontos positivos para a cidade. É um carro minimalista, muito funcional, sem desperdícios e talvez o carro mais prático que passou pelas minhas mãos desde que comecei a dirigir. Definitivamente um carro de bom tamanho para São Paulo e seu pavimento ridiculamente acidentado. O Jimny é um carro suficiente para o uso urbano e muito eficiente no uso off road.

Quando digo que é um carro suficiente para a cidade, digo isso pensando na construção robusta, no desempenho tímido do motor porém proporcional ao carro e nas dimensões reduzidas, que te permitem estacionar em muitas vagas apertadas e uma visibilidade ampla. Embreagem leve, ótima para o anda e para da cidade. A posição alta de dirigir e a excelente visibilidade te dá toda segurança que você precisa enquanto dirige.

O Jimny é derivado de um conceito japonês de minimalização da frota conhecido como K-car, que lá são beneficiados com diversas vantagens tributárias. Enquandram-se como K-car os veículos com até 3,4m de comprimento, 1,48m de largura e motor 0,66L com 64 cv. Outros K-car de destaque são: Daihatsu Copen, Suzuki Wagon R e Suzuki Cappucino.

Entretenimento de bordo

O entretenimento está do lado de fora, na estrada de terra, na natureza, seguindo o comboio e prestando atenção na trilha. Na cidade, nada de distrações, telas gigantescas ou botões aos montes, que só tornam a usabilidade do carro mais complicada. Está ali o rádio em uma lacuna "Double Din" que acomodaria junto um radio PX. Conveniente.

Esqueça aquele monte de parafernalha eletrônica para fazer você se sentir a bordo de um ônibus espacial e que na verdade só servem para pifar, te dar dor de cabeça com a garantia e te limitar nas personalizações.
É um jipe e se precisar enfiar ele na água, não há nenhuma central eletrônica mirabolante que possa danificar irreversivelmente. Ele tem um rádio, com um som sofrível, mas pode ser trocado por um outro de melhor qualidade, sem problemas com a ECU do carro ou necessidade de adaptadores para "liberar a tela" se você quiser colocar um dvd no vão Double Din.


É pequeno

E isso é ótimo. Não encontra vagas para estacionar? Isso não é problema para o Jimny. Definitivamente não é. Onde estava estacionado um Ford Ka, você terá espaço mais que suficiente para balizar o Jimny sem passar nenhum apuro e se o pneu bater na guia, as rodas estão bem protegidas pelos enormes pneus. E mais: a grande área envidraçada te ajuda a enxergar tudo. Me sinto a bordo do papa móvel.

Além de tudo, com 1,60m de largura, de uma ponta a outra dos retrovisores, até mesmo nas mais apertadas vagas de estacionamento você consegue estacionar. Motorista folgado que invade a sua vaga, não é problema. Vaga apertada no condomínio, que dificulta abrir as portas? Também não é problema.
A visibilidade traseira também é excelente, então não precisa de nenhuma tecnologia extra para te ajudar a estacionar, além do par de olhos que a natureza te deu. Um carro feito para humanos.

É ágil?

Na cidade, sim. Apesar das marchas escalonadas com foco no uso fora de estrada, dentro da cidade, também é funcional. Mesmo com pouco mais de 11kgfm de torque, o câmbio dá ao Jimny muita força em arrancadas na subida: a embreagem agradece. A 90km/h nas marginais, tudo tranquilo, o Jipe está na zona de conforto.

Na estrada, não. Não vai muito além dos 130km/h com pneus MTR 215/75-15, o que só deixa a sua viagem ainda mais emocionante e desafiadora. Cruzar uma Autobahn com média de 215km/h não é tão desafiador quanto cruzar uma estrada quando a sua velocidade máxima é a velocidade máxima da pista. 
Dirigir um Jimny na estrada é preciso saber o que está fazendo e entender as limitações dele. Não é um carro para um motorista afoito, desesperado para ver todo mundo pelo retrovisor, como se fosse ganhar um prêmio milionário por isso.

Vá pela faixa da direita, reduza a velocidade e curta a paisagem, essa é a melhor dica quando se está a bordo de um Jimny. Você vai reparar que não é só um monte de mato de um lado e do outro e isso torna o Jimny terapêutico: você sai completamente do jeito rotineiro de dirigir. Quem sabe, no meio do caminho, você encontra uma plaquinha quase apagada apontando para uma estradinha de terra até uma cachoeira maravilhosa ou um mirante de tirar o fôlego. Lugares que você até chega com outros SUV's, mas provavelmente a plaquinha passaria despercebida e todo aquele presente da natureza ficaria para trás. É como encontrar as passagens secretas de um jogo, na sua vida.


Na lama: o Jimny desbrava uma estrada de terra com bastante facilidade. Ele é forte para o seu peso e por ser leve e pequeno, tudo vai a favor dele. A altura relativa ao solo e os ângulos de entrada e saída são dignas de um jipe off road, afinal, chega de só fazer fita.

Leva 4 pessoas?

Leva, mas se você procura o conforto para os 4 esqueça. Para ajudar um pouco, os bancos de trás reclinam, o que diminui ainda mais o espaço do porta malas, mas ajuda muito no conforto da traseira. Portanto, se pretende fazer uma viagem longa com 4 pessoas, providencie um daqueles bagageiros de teto para colocar as malas.

É durável?

Completamente. O Suzuki Jimny é um dos jipes mais respeitados em todos os fóruns 4x4. Algumas pessoas arriscam a fazer graça dele, mas reconhecem que é um jipe que faz o que alguns grandalhões sofrem para fazer. É o carro oficial do Projeto Tamar e tem chamado a atenção no Rally dos Sertões.
Por ser pequeno e leve, exige pouco das peças quase superdimensionadas para ele, pois a Suzuki não economizou tanto quanto "poderia": o tamanho do carro é pequeno, mas as peças são de gente grande.
Construído sobre Chassis com 6 travessas (o chassis de uma caminhonete tem 7), podemos dizer que é um chassis muito robusto, que sofre pouco com torções. Estrutura não é o problema.
Naturalmente a suspensão é toda apoiada no chassis por coxins, então, nada de trincas na carroceria devido a solos acidentados. Os eixos rígidos na frente e atrás, colaboram com ainda mais robustez do projeto e os braços "Trilink" da suspensão são generosos. Em suma: toda a robustez de projeto de um jipe grande em um jipe muito menor. 

É econômico?

A média de 9,5 km/l na cidade, não melhora muito na estrada com seus 10,5km/l. O maior culpado por esse consumo elevado para um motor 1.3 é o câmbio escalonado para força, com marchas muito reduzidas e seus enormes pneus. Ainda assim o motor é sub utilizado, afinal, nele existe tecnologia suficiente para aumentar alguns cavalinhos sem grandes alterações. E vamos dizer que a Suzuki sabe fazer motores 1300 cilindradas.


A relação da primeira marcha é 4,425:1. Isso significa que 4,425 revoluções do motor, realiza 1 revolução no eixo da saída do câmbio. Para se ter uma ideia é próxima da relação de marcha de um Troller com 4.473:1 na primeira marcha. Comparativamente um Ônix 1.4 tem 3,730:1 na primeira. Porém a segunda marcha do Jimny fica muito "distante" da primeira, com 2,304:1. Ou seja, é preciso "esticar" bastante o motor na primeira marcha antes de mudar para a segunda em uma subida, ou você perde todo o embalo. Definitivamente isso não ajuda o pequeno jipinho a ser tão econômico quanto os 1.3 da concorrência.
No uso off road, você tem uma marcha bem definida para cada situação, principalmente, off road com a reduzida ativada, cada uma explorando a melhor faixa de torque do motor e quem manda no câmbio é você. Mais: conta com uma caixa de redução 1:2,002, que transforma a relação de marchas de todo o câmbio e a primeira vai para brutais 8,859:1.

É bom de curva?

Sim. Em todas as curvas dentro da cidade na velocidade da via, foi muito bem, sem sustos. O grande destaque vem quando se precisa dar meia volta em uma rua ou tirar o carro da vaga do Shopping. Simplesmente dispensa manobras adicionais. Com diâmetro de giro de apenas 9,8m, é capaz de dar meia volta em uma rua de mão dupla, sem precisar engatar a ré para não subir na calçada oposta - não que subir na calçada seja algum problema para ele. É menor que todos os potenciais concorrentes: o Renegade tem 10,8m,  HR-V 10,6m e Troller 12,7m. E semelhante aos outros compactos: March 9,0m e Up, 9,8m.

No mais, a tração traseira e motor dianteiro, quando o carro está em 4x2, induz a tendência ao "Oversteer" ou sobre-esterçamento, no entanto, ainda é um carro bastante equilibrado, graças ao entre eixos curto.

Custo Benefício:

Para quem curte passeios na natureza, é um ótimo Jipe para se comprar nessa faixa de preço. O Jimny vai onde os compactos não se atrevem e os maiores que prometem encarar estrada de terra, não fazem com a mesma facilidade.
Para quem vai usar só na cidade, é um carro caro e toda essa versatilidade pode ser encontrada em um VW Up, Nissan March, Toyota Etios, mas o Jipe tem a vantagem de encarar o péssimo pavimento das ruas com tranquilidade e um bocado de sacolejo. No mais, ele é alto e isso facilita entrar e sair do carro. Você também não precisa desembolsar mais de 130 mil em um Troller par curtir uma boa trilha. O Jimny faz tudo igual, pela metade do preço.

Custo de manutenção é caro?

Como todo carro japonês, sim, porém como todo bom carro japonês as peças são duráveis. As peças de desgaste, como embreagem, discos, tambores e pastilhas de freios, podem ser encontradas no mercado de reposição paralelo (não precisa sempre recorrer a peças originais) fabricados por boas marcas, portanto, não fogem muito do preço de manutenção dos carros em geral. O grande número de lojas de peças para 4x4 com peças para o Jimny, ajuda bastante a economizar na manutenção e não depender das concessionárias para tudo.

Como usar o 4x4 corretamente?

O 4x4 está em alta e para quem está se perguntando qual a forma correta de utilizá-lo, trago alguns esclarecimentos técnicos sobre o sistema e assim você vai tirar o máximo proveito dele e como sempre, ajudá-lo a preservar a integridade do sistema.

Para o básico!


Na escola aprendemos que o perímetro de uma circunferência é 2.pi.R. Logo, quanto maior o raio, maior o perímetro.
Também aprendemos que "Velocidade é igual a Delta S sobre Delta T". (Perceba que não estamos falando da velocidade mostrada no velocímetro do carro)

Observando o desenho vemos que em uma curva, cada roda descreve uma trajetória diferente, com raios diferentes: isso significa que cada roda vai girar em uma velocidade diferente.

Junte uma coisa com a outra e conclua: a roda "de fora" precisa girar mais rápido que a roda "de dentro". Caso as rodas não girassem de forma independente, fatalmente uma delas seria arrastada.

No desenho do carro na curva, podemos ver que a roda 2 faz uma trajetória com o raio maior que a roda 1. Isso significa que a roda 2 deve girar mais rápido que a roda 1 durante a curva.

Dessa forma, se o carro 4x4 tiver um diferencial central bloqueado, fatalmente ele irá arrastar as rodas da frente em uma curva. É por isso que você não deve dirigir com o 4x4 da sua caminhonete ativado o tempo todo (e por isso que o 4x4 faz um barulho horrível). No entanto, em um atoleiro, a distribuição da força será igual para os dois eixos, o que é muito bom.

Para a mecânica!

O 4x4 pode ser projetado para diversas finalidades: para melhor dirigibilidade (leia-se maior tração em curvas) ou para aplicações fora de estrada, como trilhas e estradas de terra. Alguns sistemas avançados aliam as duas aplicações.

Basicamente existe dois tipos de tração 4x4: AWD e 4WD.
AWD ou "All Wheel Drive" é um sistema de tração permanente, que não permite que o motorista desative o 4x4. É comum em veículos esportivos, pois melhora a dirigibilidade, por melhorar a tração.
4WD ou "Four Wheel Drive" é um sistema de tração selecionável, que permite o motorista selecionar a tração conforme a necessidade. Em geral é um sistema mais simples com aplicação "Off Road".  Em um 4WD você pode facilmente alternar o tipo de transmissão entre:

4x2 nessa configuração o veículo é tracionado apenas por um dos eixos (dianteiro ou traseiro), dependendo do veículo.

4x4 High (Hi): é a configuração 4x4 utilizada em pisos escorregadios (terra, brita, areia, lama). Nessa configuração o carro é tracionado pelos 2 eixos (dianteiro e traseiro)

4x4 Low (Lo): nessa configuração, a caixa de transferência é acionada através de uma redução, que eleva o torque transmitido para as rodas, porém reduz drasticamente a velocidade final. Deve ser utilizada apenas com a intenção de remover o veículo de um atoleiro, ou outras situações específicas, como terrenos íngrimes e escorregadios.

O que é melhor AWD ou 4WD?  

Depende da aplicação e da configuração.
O AWD pode ser mais sensato na cidade e na estrada mas, dependendo da configuração, pode ser um desastre total em uso Off Road. Isso porque o sistema AWD precisa, obrigatoriamente de um "Diferencial Central" e quando este não é equipado com um sistema de bloqueio, as capacidades Off Road são bastante limitadas.

Já o 4WD tem a vantagem de permitir o usuário escolher se vai utilizar a tração nas 4 ou em apenas duas rodas. Isso é bastante relevante para o consumo de combustível. No entanto, a maioria dos sistemas 4WD não permite o motorista utilizar o 4x4 em todo terreno, pelo fato de não possuir um diferencial central e isso não permite que o eixo da frente gire em uma velocidade diferente do eixo de trás.

Esquema básico de um sistema de tração 4x4: os círculos 1 e 2 representam os diferenciais do eixo e o trapézio (3) a caixa de transferência.

Todo sistema 4x4 terá uma caixa de transferência, que fará a distribuição da força proveniente do câmbio para os eixos, dianteiro e traseiro. Essa caixa de transferência pode ser do tipo "Fechada" ou "Aberta", esta também conhecida como "Diferencial Central".

Esquema de uma caixa de transferência, ou "Transfer case" do tipo fechada. Esse tipo de sistema é muito utilizado em sistemas 4WD como os de caminhonetes.

A caixa de transferência consiste em dois eixos principais e algumas engrenagens. No desenho represento as engrenagens que movimentam os eixos 1 e 2, ligadas por uma corrente metálica. Isso faz os eixos girarem obrigatoriamente com a mesma velocidade e a distribuição de força é 50-50%.

Dentro dela existe um atuador (A), que movimenta os sistemas (B) e (C). O sistema B consiste no acoplamento de um anel sincronizador que trava a engrenagem no eixo 1, que é inteiriço e movimenta o eixo traseiro. Quando o anel sincronizador está desacoplado, o eixo gira livremente dentro da engrenagem. Já o sistema C faz o acoplamento da caixa de redução na saída do câmbio.

Precisamos falar dos diferenciais.

Diferencial é um sistema mecânico que distribui a força e a velocidade conforme a necessidade. É ele que permite que os semi eixos tenham velocidades diferentes e isso permite que o carro faça curvas com segurança, sem arrastar nenhuma roda. Porém, eles têm uma limitação. Quando um semi eixo do diferencial está preso e o outro esta livre, toda a potência é enviada para o eixo livre. Em uma situação "Off Road" isso é totalmente indesejável, pois se uma roda atolar e a outra estiver em terra firme, a roda atolada receberá toda a força e o que queremos é exatamente o contrário.
Veja o funcionamento de um diferencial nesse vídeo:
 https://www.youtube.com/watch?v=yYAw79386WI

Para solucionar esse problema, existem os diferenciais bloqueáveis, que "força" o diferencial a distribuir igualmente a velocidade.

Representação de um sistema tipo Diferencial Central, que permite que o eixo dianteiro e traseiro possam girar em velocidades diferentes.

Nesse tipo de Transmissão, um sistema "planetário" atua como o mecanismo que permite que o eixo traseiro gire em uma velocidade menor que o eixo dianteiro e vice e versa. Quando os dois eixos estão girando na mesma velocidade, as engrenagens satélites (2) ficam paradas e giram em conjunto com as engrenagens (1). Quando há diferença de velocidade entre os eixos as engrenagens satélites começam a girar ao redor das principais

Representação do sistema "Diferencial". Em veículos 4x4 há sistema desse em cada eixo.

Os diferenciais abertos são os mais comuns e os piores para uso Off Road.
Dentre os diferentes tipos de diferenciais, estão os bloqueáveis, auto bloqueáveis e de deslizamento limitado, cada um com suas peculiaridades.

Em um sistema com deslizamento limitado, há transmissão de potência para as duas rodas (em geral 70-30%) que é suficiente para te tirar de algumas situações de atoleiro. Já nos sistemas com bloqueio, a transmissão é igualada (50-50%).
Por distribuir igualmente os esforços, nunca tente andar com um diferencial bloqueado em pistas de alta aderência, pois além de prejudicar a dirigibilidade, você poderá quebrar um semi eixo.

Peculiaridade do sistema 4WD: a Roda Livre

Quando se desativa o sistema 4x4, um sistema conhecido como "Roda livre" desacopla o eixo de transmissão da ponta do eixo. Assim, mesmo que a roda esteja em movimento, o restante fica parado.

O sistema de "Roda Livre" é utilizado nas rodas dianteiras de um veículo tipo 4WD. Ao desacoplar a ponta do eixo do restante do sistema, a resistência ao movimento é diminuída. Isso ajuda a preservar o sistema de desgaste desnecessário e ajuda a economizar combustível.

Ação!

Depois de entender como funciona os sistemas 4x4, vamos aos pequenos "ajustes" em relação ao uso correto do recurso.

Se seu veículo possui o sistema 4WD, opte por rodar no 4x2 na maior parte do tempo. O 4x4 deve ser acionado apenas quando realmente necessário - em estradas de terra e atoleiros - ou outras situações que exijam uma maior tração nas rodas, como em uma subida íngreme em estrada de terra, quando o 4x2 não dá tração suficiente.

Alguns veículos AWD com apelo Off Road possuem um sistema de reconhecimento de terreno, que irá bloquear automaticamente os diferenciais quando necessário, enquanto outros AWD, como os modelos do Ford Fusion assim equipados, não possuem nenhum tipo de bloqueio dos diferenciais. Ou seja, é extremamente importante conhecer os equipamentos que estão no seu carro antes de se aventurar.

As situações Off Road exigem o conhecimento do equipamento que seu carro possui, saber utilizar as configurações do sistema, bem como respeitar as limitações dele em cada situação, como transposição de águas, facões (erosões na pista) e lamaçais.

Em todo caso, não force o veículo nem os mecanismos: lembre-se que o carro é o principal meio de te tirar de uma trilha e qualquer reparo é muito dificultado.

Algumas situações "básicas" 

Muito cuidado no momento do desatolamento. Algumas situações requerem uma boa avaliação da situação para a retirada do veículo, como verificar pedras, galhos e troncos enroscados ou que possam enroscar na parte de baixo do veículo ou serem projetadas pelo movimento das rodas, valetas e facões. Forçar o sistema NUNCA é uma opção, pois pode danificar alguma peça da transmissão e imobilizar o veículo de vez. Lembre-se que em uma trilha ou uma estrada de terra, o veículo é, muitas vezes, sua única forma de sair de lá.
Devemos lembrar também que antes de pegar uma trilha, você precisa levar em consideração o tipo de pneu que está utilizando. Tração 4x4 não faz milagres e Pneus UHP (Ultra High Performance) e HT (Highway transit) não são recomendados para uso em estrada de terra ou trechos de lama. No mínimo você deve utilizar um Pneu ATR (All terrain) ou idealmente um MT (Mud Terrain).

Veículo atolado por apenas uma das rodas motrizes
Nesse caso, você deve acionar o bloqueio do diferencial do eixo e caso o veículo não seja equipado com um, acione o 4x4 (ou bloqueie o diferencial central) para transferir parte da tração para o outro eixo.

Veículo atolado pelo eixo motriz
Acione o 4x4 (ou bloqueie o diferencial central) para transferir a tração para o outro eixo.

Roda dianteira e traseira, de um dos lados, atolada
O bloqueio do diferencial do eixo é a melhor opção. Apenas o acionamento do 4x4 pode não te ajudar muito.

Veículo atolado pelas 4 rodas
O bloqueio dos diferenciais (central e dos eixos) deve ser levado em consideração. O uso da caixa reduzida é aconselhável. Essa é uma situação bastante difícil

Até o próximo Dia de Garagem!

terça-feira, 16 de maio de 2017

Clay bar - o que é e como usar.

Já reparou que mesmo depois de lavar o carro a pintura não possui um toque exatamente liso quando você passa a mão sobre a pintura e mesmo depois de encerado, o resultado não é  tão bom quanto o esperado?
Isso acontece porque a pintura está contaminada com partículas muito pequenas, que ficam impregnadas na pintura e nas micro porosidades do verniz. São partículas de poeira, tinta, pó do freio, piche, seiva de árvores, enfim, uma grande quantidade de sujeiras pegajosas.

A melhor forma - e mais segura - de remover essa contaminação é com o uso da Clay bar. É importante lembrar que, juntamente com ela, devemos utilizar algum lubrificante específico, do tipo "quick detailer". A clay bar é essencialmente uma massa bastante pegajosa, composta basicamente por um abrasivo fino e um aglutinante. O abrasivo é responsável por fazer a remoção da impureza, enquanto o aglutinante retém a partícula. Depois de algumas passadas sobre a superfície podemos notar que a massa fica bastante suja, mesmo tendo acabado de lavar o carro!

A intenção era mostrar manchas de água sobre a pintura, mas a pintura prata é muito pouco didática.

Se apenas ao toque você não estiver convencido da necessidade de descontaminar a pintura, um teste bastante simples é o "teste do plástico". Recorte um pedaço de plástico do tamanho de um cartão de crédito. Segure com a ponta dos dedos e deslize sobre a pintura limpa (não realize esse teste com a pintura suja - não faz sentido e vai riscar!). Se você perceber alguma aspereza, a superfície precisa ser descontaminada.

Note que: é muito importante que você faça qualquer procedimento de polimento, descontaminação e etc.. em um ambiente fechado e coberto. No meu caso não tive muita escolha e fiz o procedimento em um dia com pouco vento, para minimizar a chance de algum grão de poeira cair sobre a lataria.

Procedimento:
Sugestão: Para a utilização, divida a barra em partes com 10g a 20g. Se a barra tiver 200g, divida-a em 10 ou 20 partes. (Caso prefira, utilize uma quantidade maior ou menor de massa). Eu utilizo uma pequena quantidade de massa por vez, para evitar desperdício e caso a massa caia no chão o prejuízo é menor.

Modele a massa, abrindo-a de modo a formar uma "folha". Nesse formato que a massa será aplicada sobre o carro.

Utilize apenas uma pequena quantidade de massa. Essa quantidade é suficiente para descontaminar o capô de um carro, trabalhando em pequenas áreas por vez.

Faça a lubrificação da pintura, em uma área de aproximadamente 40x40 cm, com um produto do tipo "Quick Detailer". O quick detailer é um produto de uso bastante amplo, que pode ser utilizado como pré enceramento e pós enceramento e ótimo para lubrificação durante o processo de descontaminação.

Esfregue a clay bar sobre a área lubrificada, com movimentos em uma única direção - evite movimentos circulares. Não é necessário aplicar força, aliás, é errado  aplicar força. A massa deve deslizar suavemente sobre a superfície. Caso ela "agarre" na pintura, reduza a força e/ou aplique mais quick detailer.

Terminada uma área, utilize um pano macio para remover o produto da pintura - preferencialmente um pano de microfibra - e dobre a massa de modo que a sujeira fique para dentro. estique novamente a massa, lubrifique a superfície e faça mais uma passagem, para garantir a descontaminação, ou repita o teste do plástico.

Repita esses procedimentos até descontaminar toda a superfície do carro.

Uma outra opção é utilizar um descontaminante do tipo "pad". São mais fáceis de aplicar, pois não precisa ficar esticando a massa ou virando ela a todo momento.

Depois de descontaminar todo o carro, prossiga para o polimento, ou aplique alguma cera ou selante para proteger a  pintura.

Cuidados especiais: 

Se a massa cair no chão, jogue-a fora. Mesmo que você tente limpar e dobrar a massa, é possível que alguma partícula de poeira risque a pintura.

Evite utilizar apenas água como lubrificante. Apesar de funcionar, ela não apresenta a mesma lubrificação de um produto que tenha agentes de lubrificação. Nesse caro use de uma diluição de shampoo automotivo neutro em água.

Tenha o hábito de descontaminar a pintura antes de encerar o carro. Isso ajuda a prolongar a vida útil da cera, proteger a pintura e potencializar o poder de brilho da cera.

Faça a descontaminação toda vez que o "teste do plástico" mostrar que a pintura está contaminada. Note que a clay bar remove a cera aplicada, portanto, reaplique a cera toda vez que utilizar a clay.

É isso aí! Aproveitem para deixar a pintura bonitona pro fim de semana e até o próximo Dia de Garagem!