quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Kaercher HD 585 Foam Gun - English

Thanks to everybody who are reading my blog worldwide and eventually found my post about the Foam Gun on Kaercher HD machines. I really appreciate your visit and thanks to a buddy who sent me an e-mail asking me for some directions on making the modification on the "Foam Gun" nozzle, I made this post in english so it'll be easier to help even more people, once Google translator fails to translate precisely the brazilian portuguese to english or any other language. And I'm really happy to make this translation.

Actually I won't translate the whole post as is, but the essence will be the same.

Be aware that this modification is NOT Kaercher approved and you should do it on your own risk. It voids the warranty of the accessory, but worked perfectly fine to me.

At least, here in Brazil, we have two different specifications for the HD 585: the 110V and 220V wich have a slight difference on the pressure. 1550psi for 110V model and 1600psi for the 220V model.

Let's disassemble this Foam Gun and make things happen

The theory:

On the MTM Hydro website I found that the Foam Gun operates with 2320psi, and I found on some auto detailing foruns that the nozzle hole diameter needs to be broader to avoid the machine safety pressure valve activation. http://www.mtmhydro.it/it/prodotti/lancia-schiuma-professionale

So at first I thought it was a Venturi tube design that delivers the soapy solution to the chamber and mixed with the pressurised water. Then, when I disassembled the body I realised it was an orifice plate design. The equations I could find on wikipedia, and some information like water flow were in the machine owner manual (500L/h). https://en.wikipedia.org/wiki/Orifice_plate

Disassembling:

You'll need a 4mm and 5mm Allen Wrench, an Adjustable Wrench and a Screwdriver.

First: take the soap valve handle to open space to hold the Foam gun body with the adjustable wrench.

Just like this.

Hold the body with the Adjustable Wrench while you insert the 6mm Allen Wrench in the Kaercher HD adapter to remove it from the body.

The Nozzle:

Well, I was not sure if my calculations were accurate, so I started drilling the hole with a 1.4mm and still had trouble with the safety valve from the machine. But this time the opening of the valve took longer to bypass the overpressure. So I knew I was in the right direction.

And now you have access to the Nozzle, which can be removed with the screwdriver. Remove it prior to drill to avoid debris inside the foam gun body.

Time to Drill the hole: 1,5mm (1/16pol) with a HSS drill. The nozzle is made of good quality Stainless Steel and must be carefully drilled. It's not difficult and it's quick, so do it nice. Although I used a Dremel drill, do it with a regular low speed drilling machine 1000 rpm, tops.

So, the next step was the 1.5mm, slightly bigger than the 1.48mm that my calculations were telling me, but I don't think I could find a drill so milimetrical precise. So 1.5mm it is and in fact worked really well.

Assembling and test:

To assemble the Foam Gun, just follow the reverse steps. First screw the nozzle back to the body, then the HD interface adapter an finally the valve handle

It is also important to remember that you need to use a shampoo designed for the technique. Well, here in Brazil some wonderful products like "Meguiar's Class Gold" and "Chemical Guys Mr. Pink" or "Honey dew" are ridiculously expensive, but it really worth.

Once the nozzle hole is bigger, the pressure is lower (1600psi against original 2320psi) so the vacuum to suck the soapy solution from the reservoir is lower. To solve this issue I use 500ml (about 16oz.) with 60ml (2oz.) of shampoo. It means use a higher concentrated soapy solution and is enough to cover a compact sedan, like a Toyota Corolla. For a Pick up truck like a Chevrolet Colorado, about 750ml (24oz.) with 90ml (3oz) of shampoo will do the trick.

A shampoo with wax and low suds: looks ridiculous throwing shampoo with such equipment.

With Chemical Guys HoneyDew: things went just beautiful, and this shampoo smells good!

Thanks for reading, and I'll be very glad to translate any other article in this blog to help you and your car. Hope it works perfectly fine for you and I see you on the next translation on "Dia de Garagem" (Garage day)!

Revitalizando plásticos.

Quem nunca se deparou com aqueles plásticos esbranquiçados, que liquidam a imagem do carro? Além de passar a impressão de um carro mal cuidado, não adianta aplicar produtos que te prometem deixar a superfície como nova, se em poucas semanas (ou dias) o carro volta a ficar com aquele aspecto ruim. Trocar os plásticos é simplesmente inviável e pintá-los de preto pode ficar pior do que deixar como está. O que fazer?

A solução depende de apenas uma ferramenta: soprador térmico a 300°C e não mais que isso.

Digamos que, não é nada animador ver o plástico nesse estado...

Origem do problema:

A origem desse defeito é um pouco obscura. O plástico utilizado em que mais ocorre esse efeito é o copolímero ABS (Acrilonitrila-Butadieno-Estireno). É um "plástico de engenharia" muito utilizado por ser o mais barato dentre as opções que oferecem propriedades semelhantes de desempenho mecânico e "processabilidade". Durante o processamento o ABS recebe uma série de aditivos de propriedade e processo, para melhorar ainda mais a resistência do copolímero e facilitar a injeção do plástico.
Em um determinado momento esses aditivos começam a migrar para a superfície, ou simplesmente é degradado por raios UV e ozônio. No mais, pode ainda haver migração de aditivos e a oxidação deles na superfície. Isso só torna mais difícil dizer, à vista desarmada, quais problemas podem haver na superfície do plástico, já que pode ser degradação por UV, oxidação por ozônio, migração de aditivos ou tudo junto.

Então, como eu sei que o calor do soprador é o que faz a mágica acontecer? Bem, primeiramente, vi vários tutoriais de pessoas fazendo isso e o primeiro foi no canal ChrisFix, no Youtube. Resolvi testar para ver se era temporário, se danificava o plástico ou se era uma revitalização duradoura. Cheguei à conclusão de que era duradoura e não estraga a superfície!

O que acontece é que a superfície precisa atingir pelo menos 160°C e por isso você deve ajustar seu soprador térmico para algo em torno de 300°C. Acima disso, as coisas acontecem muito rápido e há chance de estragar o plástico, já que o superaquecimento poderá "queimar" a superfície. Temperaturas muito abaixo disso, demora muito para aquecer a superfície e a transferência de calor dentro do plástico vai elevar muito a temperatura no meio do material, podendo deformar também.

Procedimento:

Com o soprador a 300°C, aproxime da superfície, cerca de 1 cm e faça movimentos curtos sobre a região. Não deixe o soprador parado, ou você poderá superaquecer o plástico. Não se preocupe em deixar a superfície perfeita nesse momento.
Por alguns reais a mais que um Black & Decker e muitos reais a menos que um Makita, existe essa opção da DeWalt, com controle digital de temperatura, de 50 a 600 graus. Simplesmente fantástico.

Quando a superfície começar a ganhar brilho molhado, mude a região. Esse brilho que aparece é o sinal de que as coisas estão dando certo. Você vai perceber que a superfície ainda não está uniforme e isso é completamente normal. Espere a superfície esfriar e volte nos pontos que ficaram opacos.

Imediatamente após recuperar a região, medi a temperatura. Não dá para dizer que é a temperatura exata, mas dá para ter uma boa ideia do calor necessário.

Cuidados: em lugares muito perto de outras superfícies de plástico, borrachas ou vidro, o superaquecimento dessas superfícies é um problema. No para brisa o problema é a cola que veda a guarnição e a laminação.

Aproxime-se bem da superfície e dentro de 10s você verifica a mudança na cor da superfície. Mantenha o movimento e não deixe a superfície aquecer demais.

Superfície praticamente recuperada, com aspecto muito melhor. Agora preciso descobrir um jeito de tirar essas manchinhas brancas (provavelmente seiva de árvore). Para locais de difícil acesso, como esses frisos, utilize um bico mais concentrado, para perturbar o mínimo possível as regiões adjacentes.

Com isso, a revitalização do plástico é duradoura e dispensa qualquer produto para devolver o brilho à superfície. Agora, é só revitalizar os plásticos e curtir. Um bom trabalho a todos e até o próximo Dia de Garagem!

domingo, 27 de dezembro de 2015

A Lavagem do carro: técnica dos 2 baldes.

Para uma versão resumida da técnica, sem as explicações de cada passo, clique aqui

Eis o que há de mais básico no cuidado com o carro: a lavagem. Lavar o carro é algo que faço desde criança junto com meu pai. Nos tempos de infância, sem nenhuma técnica e sem produtos apropriados, pegávamos camisetas velhas ou pedaços de espuma, sabão em pó, um único balde e uma infinidade de água. Talvez essa seja a realidade de algumas pessoas e só posso dizer: Meu Deus, como o carro sobrevivia àquilo? Talvez a única parte "correta" seja a infinidade de água, que hoje em SP é praticamente um crime ambiental.

Ué, mas não é a técnica dos DOIS baldes? Logo menos você entenderá...

Esse artigo é uma coleção de métodos que aprendi em cursos, fóruns de automóveis e detailing, conversando com amigos, assistindo os vídeos do Larry Kosilla da AMMO NYC, artigos da Autogeek e até explicações científicas do Science Direct. Cada um adaptará a técnica conforme a necwssidade e esta é uma reunião de todas as técnicas em que obtive o melhor resultado. Agregue no seu procedimento de limpeza os métodos e materiais que mais se adequam às suas necessidades e orçamento.

A secagem abordarei com detalhes em um outro artigo, que juntamente vai abordar os acabamentos na lavagem para deixar o trabalho com um toque ainda mais profissional. Vamos lá?

Discussão rápida: porque lavar em casa e não em um lava rápido? Lava rápidos são práticos e sem dúvidas te entregam um carro bastante limpo, aspirado e se gastar um bocado a mais, encerado. Mas, se você é muito exigente com a pintura do seu carro e quer que ela seja cuidada a pão de ló, faça você mesmo. Lava rápidos precisam atender grandes volumes e em muitos casos não dão atenção aos cuidados. Não só precisam atender grandes quantidades de carros, como reduzem os custos para serem rentáveis e competitivos, então, raramente vão utilizar bons produtos sobre seu carro.

Talvez você se pergunte: mas há anos lavo meu carro sem tomar todos esses cuidados, o que vai adiantar tomar esses cuidados agora? Bem, isso vai preservar a pintura exatamente como ela está daqui para frente, protegendo-a de ainda mais danos.

O segredo de uma pintura sempre bonita é evitar ao máximo os riscos e a maioria deles surgem no momento da lavagem. São os famosos, ou não tão famosos assim, "Swirl marks", que são riscos superficiais em todas as direções que surgem pelo uso de método incorreto de lavagem e que se revelam conforme a luz incide sobre eles, gerando o efeito de teia de aranha, que aniquila o brilho do carro, podendo deixar acinzentado um carro preto!

Para começar, vou listar os materiais mínimos para a limpeza mais simples, com base na técnica de dois baldes, muito segura para a pintura do carro, básica para quem quer proteger bem a pintura e obrigatória para o proprietário mais meticuloso que vai lavar o carro no domingo de manhã e não quer saber de riscos na pintura.

1. Luva de lã ou de "minhoquinha" de microfibra (Chenille): utilize sempre uma luva bem macia e volumosa. O volume das fibras ajuda a reter partículas (areia, terra, pedriscos) de forma segura, que evita riscar a lataria pelo atrito dessas partículas contra o verniz.
2. Shampoo automotivo com pH neutro: muitíssimo importante para não remover a camada de cera ou selante da superfície, caso tenha aplicado. Além do mais os shampoos automotivos são formulados com produtos que promovem a lubrificação da superfície para remoção segura da sujeira.
3. Balde de enxágue (10 a 20L): nesse balde a intenção é enxaguar as ferramentas de limpeza e remover as partículas de sujeira antes de mergulhar novamente no balde de shampoo. Se possível, utilize um separador de partículas no fundo do balde e não há necessidade de shampoo nesse balde.
4. Balde de shampoo (10 a 20L): use um balde de água limpa misturada com o shampoo, para servir de fonte de solução limpa para a lavagem. Não coloque a luva suja nesse balde ou você carregará muitas partículas para a lataria e fatalmente vai riscar a pintura.
5. Água corrente: use uma mangueira de jardim, ou se usar uma lavadora de alta pressão tome o cuidado de manter uma distância mínima de 50cm da lataria. A pressão alta e o jato fino é muito agressivo para a pintura além do mais, se houver alguma pedrinha na superfície, ao ser removida pela água pressurizada, vai riscar a pintura, então, não utilize a lavadora para realizar o primeiro enxágue.
6. Panos para secagem: secar o carro é fundamental para evitar manchas, mesmo que seu shampoo prometa que é possível dispensar a secagem. Utilize panos de microfibra com pelo menos 20% de poliamida na composição e felpa alta. Veja mais sobre toalhas de microfibra nesse artigo. Se preferir use um secador a ar nas partes mais difíceis de alcançar, como frestas e quinas.
7. Cera ou selante: protege a pintura e facilita a remoção de sujeira na próxima lavagem. Verifique exatamente qual é sua necessidade, seja ela remover Swirl Marks ou só proteção. Deve ser aplicado 1x por mês, por mais que a embalagem prometa mais tempo de proteção. Veja mais sobre ceras e selantes nesse artigo completo ou nesse outro resumido.

Agora sim: a técnica dos dois baldes.

A lista do evite usar não use em seu carro:

1. Esponjas, espumas, flanelas e trapos: a única função desses produtos é esfregar a sujeira sobre a pintura do seu carro e não afastar a sujeira, como ocorre com as luvas de lã ou Microfibra
2. Detergente de cozinha ou sabão em pó: eles removem a camada de cera ou selante que você aplicou. A grade questão é: são capazes de degradar o verniz?
O dano ao verniz é especulativo, mas uma vez removida a proteção de cera, você deve aplicá-la novamente. Por muitos anos lavei os carros com detergente e absolutamente não estragou a pintura a ponto de descamar ou turvar o verniz, como dizem por aí. Fato observado: quando lavado com bons produtos específicos para a pintura do carro, mesmo sem cera, a sujeira gruda com menos facilidade.
3. Solupan, Limpa baú, Limpa alumínio: esses produtos são verdadeiros inimigos da pintura, por terem pH muito ácido ou muito alcalino. Geralmente esses produtos são responsáveis pela remoção dos detalhes dourados e deterioração dos cromados de superfícies.
4. Limpadores multiuso domésticos: não use. Eles até limpam bem a superfície, mas tem uma tendência a deixar as superfícies esbranquiçadas, devido a presença de álcoois (etílico e/ou isopropílico). Quando limpar superfícies plásticas, aplique algum tipo de finalizador com proteção UV.
5. Limpa vidros com amoníaco: é o principal vilão das películas de privacidade (o popular insulfilme). Costumam corroer a camada anti risco e acelera o processo de desbotamento, deixando-o azulado ou roxo.
6. Evite "pneu pretinho" a base de glucose, sacarose ou açúcar invertido. Eles são grudentos e transformam seus pneus em um ímã de sujeira. Prefira os produtos a base de gel de silicone, glicerina ou, se o orçamento permitir, os limpa pneus de longa duração.
7. Luvas ou toalhas que caíram no chão: imagina a quantidade de sujeira que grudou na toalha ou luva quando ela caiu no chão? Grãos de areia, pedras, folhas e galhos. Melhor nem pensar em quanto riscaria seu carro. Sempre que algo cair no chão, substitua-o por um limpo.
8. Receitas caseiras: deixe o vinagre para a salada e o bicarbonato de sódio para o bolo, tudo bem longe do carro. Coca Cola, a menos que você fique com sede, também fica longe do carro.
9. Lavadora de Alta Pressão (LAP): só deve-se utilizar uma LAP nas etapas finais da lavagem, quando as partículas de sujeira já não oferecem risco à pintura.
 
E a seguir, alguns itens adicionais se você quer extrair ainda mais da lavagem do carro:

1. Duas luvas: uma para a lataria e uma para as rodas. Tome o cuidado de nunca deixar a luva da lataria junto com a luva das rodas. Além do mais, quando começar a lavar as rodas, não volte a mergulhar a luva da lataria em nenhum dos baldes!
2. Separadores de partículas (Grit Guard) dentro dos baldes de shampoo e de enxágue. Esses separadores ajudam a manter no fundo do balde a sujeira decantada.
3. Terceiro balde: Para quem acompanha os vídeos do Larry Kosilla da AMMO NYC, ele usa um terceiro balde exclusivamente para as rodas, não é exagero e você pode adicionar ao seu  arsenal. A principal razão disso é que o pó de freio e pó metálico do desgaste dos discos de freios são muito finos e ficam impregnados nos poros do verniz e reduz o brilho do carro. Com o uso do terceiro balde, você evita essa contaminação.
4. Escovas: tenha escovas duras para os pneus, médias para caixa de rodas e macias para as partes plásticas sem pintura e rodas.
5. Shampoo automotivo de alta performance: além do maior poder de limpeza, alguns promovem um brilho adicional na pintura, como o Meguiar's Gold Class.
6. Polidores específicos para rodas: eles removem a contaminação de pó de freios e protegem as rodas de incrustações de sujeiras.
7. Quick Detailer durante a secagem: deixa um acabamento ainda mais bonito além de proteger a pintura de eventuais riscos durante a secagem.
8. Copo de medida: Para economizar produtos de limpeza, utilize um copo de medida para acertar a dosagem. Fazendo a dosagem a olho, você dilui demais, que reduz a qualidade da lavagem, ou gasta produto a toa e desperdiça dinheiro.
9. Toalhas de microfibra: Só Deus (ou qualquer força em que você acredite) sabe quantas toalhas de microfibra você vai usar em toda a limpeza do carro.

Parte da sujeira retida pelo Grit Guard. Parece pouco, mas a quantidade de areia é bem grande.

Preparação para a lavagem:

Antes de molhar o carro: é interessante que você faça a limpeza do interior, como remoção de lixos (tíquetes de estacionamento, papeis de bala, garrafas) e aspiração dos tapetes, carpetes e bancos antes de começar a jogar água no carro. Mas, como esse tópico é dedicado à lavagem, não vou entrar nesses detalhes e isso fica para um próximo artigo.

Importante: Faça a lavagem em um local protegido do sol, com as superfícies frias. Superfícies quentes evaporam a água mais rapidamente e deixa resíduos de sabão na lataria, que demanda trabalho adicional para removê-los.

A preparação do material: Encha os baldes com pelo menos 10L de água cada, faça a diluição recomendada do shampoo no Balde de Shampoo e agite para formação de espuma. Mergulhe todas as ferramentas de limpeza da lataria no balde de shampoo, desde que elas estejam limpas, e deixe de molho enquanto faz a inspeção da sujeira. Não coloque as ferramentas que você usa nas rodas, ainda, a menos que você utilize o terceiro balde.

Certifique-se que os vidros, teto solar e portas estão bem fechados.


Inspeção pré lavagem: a maioria dos profissionais gostam de fazer uma pré inspeção das sujeiras aderidas à lataria, para que possam tomar os cuidados necessários na hora da lavagem. Eu não recomendaria nada diferente disso, já que é um passo que demora um ou dois minutos e vai te ajudar a direcionar a limpeza da forma correta. O que você precisa observar é a natureza e quantidade de sujeira: óleo, areia, terra, piche, pequenos galhos, enfim, avaliar se ela tem potencial de riscar ou não a pintura, se ela vai sair no enxágue, com o uso do shampoo ou precisa de um tratamento isolado.
Aproveite e veja se há necessidade de lavar o motor. Se houverem muitas manchas de vazamento de óleo, verifique a necessidade de reparar o vazamento antes de lavar.

Pequenos galhos e folhas grandes devem ser retirados à mão, no máximo com auxílio de um pincel e aspirador nos locais de difícil acesso, sem esfregar.
Crostas de terra ou areia, devem ser retirados com água corrente, evite usar a lavadora à pressão.
Manchas de óleo e piche devem ser tratados isoladamente depois de lavar o carro, com produtos específicos. Não tente esfregar com a unha ou esponjas grossas.

Etapas da Lavagem:

Motor: não é obrigatória, mas se houver necessidade de lavar o motor, você deve faze-lo com o motor frio ou levemente morno e deve cobrir todos os módulos eletrônicos e equipamentos elétricos que estão sob o capô, dentre eles, módulo de ABS, de Injeção Eletrônica, distribuidor e terminais do cabo de velas e caixa de fusíveis, com sacolas plásticas.
Para a limpeza, utilize um pincel médio/grande para esfregar as superfícies e uma solução tipo APC ou desengraxante cítrico. Jamais utilize soluções alcalinas a base de Hidróxido de sódio (também conhecido como soda cáustica ou NaOH), principalmente em motores com cabeçote e/ou bloco em alumínio e evite lavadoras de alta pressão no motor. Leia mais sobre a lavagem do motor nesse artigo.
Seque o motor com toalhas ou soprador de ar.

Primeiro Enxágue: depois de avaliada a situação e o motor limpo, conforme a necessidade, comece com o primeiro enxágue: com água corrente, remova a sujeira grossa, tendo cuidado nas partes mais sujas, que você identificou na inspeção. Atenção no uso de lavadoras à pressão: mantenha uma distância segura, de pelo menos 50cm. 

Faça o pré enxague preferencialmente com mangueira comum. Os pedriscos mais grossos são muito abrasivos para serem removidos com a lavadora.

O uso de Foam Gun é uma técnica muito bem vinda, principalmente por remover boa parte das partículas de sujeira grossa na primeira abordagem. Deve ser incluída como uma etapa de pré lavagem na técnica de dois baldes, entre o primeiro enxágue e a lavagem, assim, aproveita-se o máximo da boa qualidade da espuma para remover as sujeiras mais grossas, com o máximo da limpeza tradicional. A técnica exige shampoos com maior capacidade formadora de espuma para funcionar adequadamente. Quando utilizo a técnica, aplico uma vez a espuma, deixo-a escorrer naturalmente sobre a lataria e em seguida faço uma nova aplicação, seguida da lavagem com a luva de microfibra.

Foam Gun para mangueira comum: produz bastante espuma, não tão densa como a produzida pela Foam Gun para Lavadora de Alta Pressão, mas suficiente para uma ótima limpeza.

Foam Gun para lavadora de alta pressão: espuma mais fina e densa, demora mais para escorrer.

A lavagem da carroceria: divida o carro em parte superior, acima da linha do para lama e inferior, abaixo dela. Nessa etapa, todo enxágue pode ser feito com lavadora à pressão.
Dica de enxágue: se você utilizar a mangueira com o gatilho, ou seja, com a água turbulenta, o shampoo sobre a superfície gera mais espuma e dificulta a remoção. Durante o enxágue, regule o gatilho para uma vazão pequena de água, de modo que seja possível a formação de uma lâmina sobre a superfície e assim o shampoo é removido com mais facilidade. Isso te ajuda a economizar água na lavagem.
Dica de lavagem: nunca aplique força sobre a pintura. O peso natural da mão apoiada sobre a superfície é mais que o suficiente. A função do shampoo é amolecer a sujeira, para evitar a necessidade de esfregar o carro com força.

Comece pelas partes mais altas até chegar na linha do para lama:
1. metade longitudinal do teto.
2. vidros laterais e colunas das portas
enxágue o carro e a luva
3. para brisa e capô.
4. para lamas.
enxágue o carro e a luva
5. portas, entre a janela e a linha do para lama
6. vidro traseiro e tampa do porta malas
enxágue o carro e a luva

Ensaboe a luva, aplique sobre a pintura e enxágue a luva. Repita esse procedimento até que todo o carro tenha sido lavado. Note que no balde de shampoo não há necessidade de utilizar uma grande quantidade de shampoo.

Terminada a parte superior, siga para a parte inferior, tomando o cuidado com as partículas mais grossas de sujeiras, que exigem descontaminações mais frequentes da luva no balde de enxágue. A parte inferior do carro é a parte mais sujeita às sujeiras mais grossas, portanto, requer mais cuidado na hora de esfregar.

7. Para choques e parte baixa do para lama
enxágue o carro e a luva
8. Parte baixa das portas.
enxágue o carro e a luva

Caixa de Rodas, Rodas e Pneus: O terceiro balde.

Eis o terceiro balde: nele você coloca o shampoo de lavagem, um pouco mais concentrado e as ferramentas que irá utilizar apenas nas rodas.

Caixa de rodas: comece pelas caixas de rodas, se necessário, faça um novo enxágue nelas antes de ensaboar. As partículas da caixa das rodas são bem mais grossas então dê preferência ao uso de escovas médias para removê-las.

Pneus: Utilize uma escova média ou dura para lavar o costado do pneu, sem a necessidade de aplicar força. Aqui a técnica de esfregar conta mais que a força aplicada. Faça movimento circulares pequenos. Com a escova da caixa de rodas, você pode lavar a banda de rodagem dos pneus mas não use nada com silicone sobre a banda de rodagem.

Rodas: (Nesse caso calotas) Use primeiro a escova macia, essa da foto, para lavar a face da roda (ou calota). Para alcançar os lugares mais difíceis, utilize uma escova de longo alcance, sempre começando pela parte mais alta da roda. Com um pincel, lave os cantos dos raios da roda e todos os detalhes das rodas, como a cavidade dos parafusos e da válvula de ar. Use a luva para alcançar a parte de trás dos raios da roda, onde a escova não alcança.

*Alguns profissionais gostam de lavar as rodas/caixa de rodas ANTES de lavar a lataria, para evitar que o pó de freio e a sujeira mais grossa se espalhe na pintura depois de ter lavado o carro. Mas isso exige o terceiro balde, exclusivo para as rodas, ou a troca da água e higienização do balde de shampoo. Se for deixar por último, faça um enxágue generoso nas rodas durante o primeiro enxágue, para remover o máximo de pó de freio possível.

Secagem: com toalhas de microfibra limpas e levemente umedecidas com Quick Detailer, faça passagens em uma única direção, da dianteira para a traseira, mantendo a lubrificação com o Quick Detailer. Em locais como grades, frisos e vãos, pode-se utilizar ar comprimido/soprador de ar para secar o carro e obter um resultado ainda melhor.

Ao abrir as portas você perceberá que a soleira está úmida. Tome cuidado na secagem da soleira, pois há partículas de areia potencialmente prejudiciais para a pintura dessa região. É imprescindível que você utilize uma lubrificação eficiente nessa região durante a secagem.

Enceramento:

O enceramento deve ser feito logo em seguida da lavagem, depois de ter secado (muito bem) o carro. A cera deve ser aplicada, de preferência com movimentos curtos e unidirecionais (para ceras e selantes do tipo finalizador) ou circulares de pequeno raio (para ceras e selantes limpadores). Verifique a necessidade de tempo de cura e remova o excesso com um pano limpo próprio para polimento.

Conservação do material de limpeza:

Lave cuidadosamente todos os materiais, como pincéis e escovas, para retirar o máximo de sujeira das ferramentas. Tome o cuidado de lavar separadamente o material da lataria e o material das rodas, principalmente as luvas e panos de microfibra.
Depois de bem secos, tenha o cuidado de guardá-los em sacos plásticos. Os baldes também merecem atenção. Devem ser lavados e guardados em local protegido do sol e de preferência virados para baixo.

Com essas técnicas, a maioria dos casos de lavagem automotiva são abrangidas. Apenas para veículos com sujeiras "Off Road" não devem ser lavados sem alguns tratamentos prévios das sujeiras, que entrarei em detalhes em um artigo futuro. Um ótimo dia de lavagem do carro e até o próximo Dia de Garagem.

sábado, 26 de dezembro de 2015

Como lubrificar os pinos da pinça de freio.

No artigo sobre a troca das pastilhas, fiz uma importante ressalva sobre os pinos do caliper flutuante, que têm o péssimo hábito de perder a lubrificação e por vezes, travam.

Nesse artigo mostro como lubrificar os pinos. Um passo que demora apenas alguns minutos e deixarão seus freios em ótima forma. O pior é que poucos mecânicos fazem no momento da troca das pastilhas.

Identificar pinos travados ou mal lubrificados sem desmontar as pinças é um tanto complicado: um dos sintomas que podemos perceber sem precisar desmontar a pinça é a "folga" que há no pedal do freio. Uma forte evidência desse problema é quando as pastilhas são novas e elas produzem um forte chiado, como se estivessem na hora de trocar.
Também podemos desconfiar, quando tocamos levemente o pedal. Alguma resposta dos freios é esperada, mas se precisamos pisar firme no pedal para que se tenha a primeira resposta do freio, é hora de verificar o estado desses pinos. Mas isso não é o sintoma definitivo. O melhor mesmo é ir até eles.

Quando for trocar as pastilhas, observe o padrão do desgaste. Pastilhas com desgaste desnivelado é o indício mais claro de que o pino está com a lubrificação deficiente.

Ferramentas necessárias:
Macaco
Cavalete
Chave de rodas
Chave combinada/soquete
Graxa para rolamento ou Graxa para homocinética.
Escova de aço
Estopa
Arame (+/- 30cm)

Procedimento

Basicamente comece com o procedimento da troca de pastilha: quebre o torque dos parafusos das rodas, eleve o veículo, apoie sobre os cavaletes, retire as rodas. 
Quando chegar na pinça, remova os dois parafusos que prendem a pinça no cavalete do freio. Utilize o arame para suspender a pinça, evitando que esta fique pendurada pelo flexível.
 
Pinça removida e devidamente pendurada. Caso tenha dúvidas de como remover a pinça, dê uma olhada no artigo sobre troca de pastilhas.

Remova as pastilhas, por precaução. Se elas caírem no chão, há chance de trincar e o prejuízo vai ser grande...

Verifique as coifas e retire o pino flutuante: é nesse pino que a pinça é presa. Limpe a coifa antes de remover  o pino para evitar que caia areia para dentro.

Verifique o estado das coifas. Caso haja alguma rasgada, será necessária a substituição da coifa e do pino e uma limpeza mais profunda no alojamento do pino. Caso prefira, utilize uma escova cilíndrica para remover a graxa ressecada dentro do alojamento. Cuidado com estopa e papel, pois pode partir um fragmento grande e ficar dentro do alojamento

O pino depois de limpo e a presença de marcas de atrito. Isso indica que já estava mais que na hora de uma lubrificação dos pinos flutuantes do freio.

Remova toda a graxa velha existente na superfície do pino, com a estopa e limpe todos os resíduos com a escova de aço.
Para a lubrificação, utilizei essa graxa para rolamentos, a base de sabão de lítio e capaz de suportar 150°C.

O pino possui partes planas na superfície: aplique uma camada generosa de graxa nessas partes e uma camada um pouco mais fina nas outras partes. Não esqueça de aplicar graxa na ponta também.

Aplique uma camada de graxa sobre toda a parte do pino que fica para dentro da coifa e coloque o pino no alojamento com cuidado para não raspar toda a graxa para fora. Prenda a coifa no pino e limpe o excesso de graxa. Gire o pino para uniformizar a graxa dentro do alojamento.

Pela curiosidade: esse pino é colocado na parte de baixo da pinça de um Corolla 98. Porque ele tem esse anel plástico ainda é um mistério para mim.

Faça isso em todos os pinos.

O processo de remontagem, é bastante simples: depois de recolocados os pinos, certifique-se que as coifas estão em posição, reposicione as pastilhas, a pinça e parafuse-a no lugar. Não se esqueça de sempre verificar o torque dado nos parafusos.

Recoloque o pneu, prenda os parafusos, abaixe  o carro e aplique o torque necessário nos parafusos das rodas.

Com essa dica, espero que você tenha informação o suficiente para realizar essa lubrificação sem problemas. Caso não tenha as ferramentas ou habilidades para realizar o reparo, peça para um mecânico fazer. O importante é que esse mecanismo funcione corretamente. Um ótimo trabalho e até o próximo Dia de Garagem.

Manutenção das pastilhas de freio

Com freio não dá para brincar. Toda vez que escutar um barulho anormal vindo das rodas, é bom parar o quanto antes e ver o que está acontecendo. Pode ser um rolamento defeituoso, que também é perigoso, ou problemas relacionados ao freio. Os barulhos do freio vão desde aquele chiado estridente, que pode ser o indicador de desgaste raspando no disco, até um barulho seco/metálico, que indica que a pastilha acabou e está raspando metal com metal.

Nesse artigo, vou apresentar para vocês a troca de um jogo de pastilhas, que não estavam exatamente no fim da vida, mas estavam produzindo um chiado extremamente alto e agudo toda vez que o freio era acionado. Desconfio que o chiado era devido ao funcionamento irregular da pinça, que provocava a vibração das pastilhas e assim produziam o terrível chiado.
Durante a troca, percebi que as pastilhas velhas estavam com desgaste desigual e isso é um problema simples de falta de lubrificação dos pinos da pinça flutuante, que se solucionado com antecedência, poupará muito dinheiro em um futuro próximo. E prevenir não é caro!

Ferramentas necessárias:
Jogo de chave combinada
Macaco
Cavalete
Fluido de freio.
Grampo "C" (Sargento)

Procedimento:
Inicie com o procedimento de "troca de pneus": quebre o torque dos parafusos, levante o carro, apoie o veículo utilizando os cavaletes e remova as rodas, mantendo o carro suspenso.
 
Pense na sua segurança: esses cavaletes são mais seguros do que manter o veículo apoiado sobre o macaco, pois são bem robustos e tem a base mais estável. Cavaletes para até 2ton são o suficiente para manter um carro suspenso com segurança.

Remova um dos parafusos da pinça, para que você consiga pivotar sobre um dos apoios. Na foto a seguir, soltei o parafuso de baixo (e geralmente é o de baixo), assim o caliper pode pivotar para cima. O movimento depende da mangueira hidráulica. Nesse caso, por causa da posição do flexível, seria impossível move-lo para baixo.
Cuidado para não torcer ou esticar o flexível. Caso seja essa a situação, remova os dois parafusos e utilize um arame para "pendurar" a pinça. Nunca deixe-a pendurada pela mangueira.

Quando remover as pastilhas, faça um teste nos pinos flutuantes. Comprima os pinos e veja se eles voltam a posição original. Caso esteja muito difícil movimentar os pinos ou um deles ofereça maior resistência ao movimento que o outro ou o pino fique travado na posição, faça a limpeza e lubrificação dos pinos flutuantes.

Basta soltar um parafuso e o caliper pode ser movido para cima. O parafuso que deve ser retirado situa-se na parte de trás da pinça (olhando o carro de lado).

Caso você tenha completado o reservatório de fluido, você precisa ir até ele. Utilize algo para retirar um pouco de fluido do reservatório, algo em torno de 80ml. Faça isso ou no momento em que você recuar o pistão da pinça, o reservatório poderá transbordar. Se não quiser remover fluido do reservatório, você poderá conectar uma mangueira na válvula de sangria do freio e abri-la, como se fosse sangrar o freio, para deixar o fluido sair do êmbolo e feche a válvula com o embolo ainda comprimido. Cuidado para não deixar entrar ar no sistema.

Forma correta de recuar o pistão: utilize o grampo "C", com ajuda da pastilha velha. Você deverá recuar o êmbolo para que seja possível encaixar o caliper nas pastilhas novas. Note que é preciso tomar cuidado para não esmagar a borracha de vedação do pistão.

Pastilhas novas instaladas (e faltando um dos elásticos que afasta as pastilhas...). Depois as pessoas me perguntam porque não confio em oficinas mecânicas... Eles perdem peças! Na hora de abaixar o caliper, talvez seja necessário recuar o pino flutuante para encaixar corretamente.

Depois de montar e parafusar as pinças no lugar, faça um segundo aperto, certificando-se de que os parafusos estão bem fixos. Depois de colocar as rodas e abaixar o veículo, ligue o motor e pressione o pedal do freio algumas vezes, até que o pedal ofereça resistência ao movimento. Recomendo não pressionar o pedal até o fim, para não forçar o cilindro mestre. Dê leves bombeadas no pedal.

A Pastilha fala:

O que podemos concluir olhando para a pastilha? Podemos concluir algumas coisas importantes sobre o funcionamento do freio, qualidade do serviço de manutenção e estilo de condução.

Trincas: indicam excesso de calor na frenagem.
Ondulação: pastilhas com a superfície ondulada indicam que há deformação no disco. Verifique a possibilidade de realizar usinagem do disco, se não, é recomendada a troca.
Desgaste em losango: montagem incorreta das pastilhas
Desgaste trapezoidal: caliper travado

Caliper Travado:

Tenha muito cuidado com essa situação. É comum que os carros sejam equipados com o sistema de pinça flutuante e também é comum que esses pinos percam a lubrificação e não funcionem adequadamente, o que é muito perigoso, pois diminui consideravelmente a eficiência da frenagem e pode provocar a quebra da pinça.

Essa diferença no curso dos pinos do caliper dá origem a um problema sério, que já me colocou em uma situação muito próxima de um acidente. Durante uma viagem, percebi que os freios estavam fazendo um barulho diferente e estavam se comportando de forma diferente e simplesmente deixei para quando eu voltasse pra casa. Durante a viagem de volta, o freio começou a fazer todos os barulhos possíveis. Era o fim da pinça direita.
 
Vazamento de fluido de freio pelo pistão da pinça: a quebra da pastilha devido ao caliper travado desencadeou um gravíssimo problema nos freios. Note como a pastilha está com desnivelamento acentuado no gasto do material de atrito.

Em um determinado momento a pastilha caiu e o êmbolo começou a ser pressionado contra o disco de freio. O desgaste do êmbolo ocasionou a projeção excessiva que gerou o vazamento do fluido de freio.

Pistão e disco, tal como estavam interagindo. Parte era o êmbolo e parte era a sapata da pastilha que raspavam no disco.

Era de se esperar que o disco de freio estaria totalmente danificado e inutilizado.

Pastilha nova e a sapata da pastilha danificada: observe o desgaste da sapata, que indica que estava raspando no disco. Resumo da ópera: um pistão completo, um cavalete, um par de discos de freio e um par de pastilhas.

Espero que essas informações sirvam como bom material de apoio para a manutenção do freio do seu carro. Obrigado pela leitura e até o próximo Dia de Garagem!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Lavagem do motor

Lavar o motor exige muitos cuidados para garantir que nenhum componente elétrico seja danificado, nem ter os contatos elétricos encharcados e muito menos danificar algum circuito hidráulico. Também é preciso tomar cuidado com vazamentos, tampas rachadas e os diferentes materiais utilizados nos componentes do motor.

Com vocês, um motor muito, muito sujo!

Nesse artigo, o objetivo é apresentar algumas técnicas e estratégias muito eficientes na limpeza, sem o uso de lavadora à pressão, que é o maior vilão da lavagem do motor, bem como a finalidade e o resultado de alguns produtos e o tira teima do uso de alguns produtos nas diferentes superfícies.

Ferramentas:

*Toalhas de microfibra velhas: use toalhas velhas, pois receberão sujeiras muito pesadas, que talvez as inutilizem. Se preferir utilize papel de alta absorção.
*Escovas e pincéis: um jeito ótimo de esfregar as incrustações de graxa e óleo.
*Óculos de proteção: lembre-se que você utilizará produtos mais fortes do que simplesmente detergente e espirra muita água durante o enxágue, então é bom proteger os olhos.
*Luvas de vinil: os desengraxantes podem ser bastante agressivos a pele, além disso evita sujeira grudada nas mãos.
*Sacos plásticos para proteger os módulos e reservatórios e fita crepe para prender o plástico no lugar.
*Desengraxante: de sua preferência, mas minha recomendação são dos desengraxantes  base de água, sem ácidos ou bases.

Preparação para a limpeza:

A preparação para a limpeza envolve aquecer o motor previamente, proteger o sistema elétrico e hidráulico, inspecionar as sujeiras e origens delas e remover manualmente os detritos grandes.

O aquecimento do motor serve para amolecer as sujeiras oleosas. Deixá-lo ligado por 5 minutos e não mais que isso, antes de começar o trabalho é o suficiente. Se deixar o motor muito quente, o desengraxante evaporará rapidamente e isso será um verdadeiro transtorno.

O próximo passo é cobrir com plásticos o módulo de injeção, a caixa de fusíveis, a bobina ou distribuidor e o conector do módulo do ABS. No sistema hidráulico, é recomendado cobrir os reservatórios de fluido de freio e direção hidráulica. Se você utiliza um filtro de ar exposto (como os filtros esportivos) você deve cobri-lo também.

Nesse caso, cobrir a bobina foi difícil. Devido à forma e aos cabos, o plástico ficou com alguns espaços abertos, por onde passou um pouco de água. Mesmo assim, foi o suficiente para não encharcar e estragar algo.

Verifique se nenhuma tampa está danificada e caso esteja com alguma trinca, coloque uma proteção de plástico sobre ela também.

O módulo de injeção está em um local que é impossível proteger com plástico. Desse jeito, será preciso muito cuidado na hora de jogar água. Uma boa idéia é colocar alguns panos em volta, para proteger dos jatos fortes de água.

Todos esse locais críticos serão limpos com técnicas mais brandas, algumas delas com limpadores a seco. Causar danos a esses componentes é um problema real e já vi alguns carros parados em lava rápidos com módulos e bobinas encharcados. No mínimo é dor de cabeça.

Esses cuidados são exageros? Acredito que não. Mesmo em um motor novo, pode haver alguma fissura na vedação do módulo de injeção eletrônica ou alguma folga no fechamento da caixa de fusíveis. Como no manual do proprietário é explícito que o condutor não deve submeter o veículo a lavagem do motor, esse será um argumento forte que a montadora vai utilizar para se eximir da culpa. Em carros com alguns anos nas costas, as borrachas podem estar ressecadas, apesar de ainda cumprirem seu papel de vedação, elas podem esfarelar.

Enquanto você coloca os plásticos, faça uma avaliação das sujeiras presentes: poeira, óleo, fuligem, insetos, etc. Quando encontrar óleo sobre a superfície, verifique qual a origem e se há algum vazamento aberto ou se é depósito de óleo vindo do respiro do motor ou câmbio.

Muito óleo e poeira sobre a carcaça do câmbio, óleo provavelmente vindo do respiro. Com essa quantidade de óleo sobre a carcaça, talvez seja apropriado verificar o nível de óleo do câmbio... Vai que tá baixo...

Como parte da preparação, remova manualmente os galhos e folhas da grade de drenagem entre o para brisa e o capô. Esses detritos são altamente perigosos para a pintura quando for lavar a carroceria. Lembre-se tudo o que mais queremos é evitar riscos. Em locais de difícil acesso, utilize um aspirador de pó para sugar as folhas.

Essas folhas estão aprisionadas em uma "calha" entre a porta corta fogo e o cofre do motor. Em termos de risco à pintura, é zero. Curiosamente nessa calha fica (bem protegido) o reservatório do fluido de freio.
Limpeza a úmido:

IMPORTANTE: jamais utilize desengraxantes alcalinos ou ácidos em motores. Na maioria dos automóveis modernos, o cabeçote do motor é feito de alumínio e em alguns não tão raros casos, o motor todo é feito de alumínio.
Motivo: Detergentes e desengraxantes alcalinos ou ácidos, removem a camada de passivação de óxido de alumínio da superfície do metal, responsável pela propriedade anti corrosiva. Alumínio é um metal muito reativo e uma vez removida essa camada, a superfície fica exposta à água que rapidamente ataca o alumínio formando íons aluminato, desencadeando uma rápida reação de corrosão do alumínio.

Mothers Waterbased Degreaser: simplesmente fantástico na limpeza de graxas e oleosidades, além de ser totalmente biodegradável e não agressivo ao alumínio e nenhum componente do motor.

Também é importante lembrar que em veículos médios modernos, além do motor, parte da estrutura do veículo e componentes de suspensão são feitos de alumínio.

Deve-se tomar cuidado exatamente nesse local: os terminais de velas. Para limpar essa região, utilizo uma menor vazão de água. Não esqueça de lavar a parte de dentro do capô.

1. Comece enxaguando o motor com água para remover a sujeira superficial.

Desengraxante + Pincel para esfregar a superfície.

2. Aplique o desengraxante ou limpador multi uso (APC) deixe o produto agir por 3 minutos e esfregue com um pincel ou escova. Não deixe o produto secar sobre a superfície, para evitar trabalho extra. *Desengraxante cítrico é seguro? Sim, apesar de possuir ácido cítrico em sua composição este é um ácido muito fraco, utilizado apenas para potencializar o efeito do tensoativo utilizado, ao contrário dos desengraxantes ácidos, a base de ácido sulfúrico e ácido nítrico.
3. Prossiga com o enxágue usando uma mangueira convencional.
4. Se tiver acesso a ar comprimido, utilize-o para remover os depósitos de água, se não tiver, utilize as toalhas de microfibra na secagem. Seque bem os plugues dos cabos de vela, caso você não consiga cobri-los. Aproveite o momento para aplicar um limpa contato nos terminais do cabo.

Limpeza das áreas cobertas:

Hora de limpar todas as superfícies que estavam protegidas. As tampas de caixa de fusíveis e módulos, podem ser limpos com um produto de lavagem a seco. 

Depois de todo o motor lavado, remova a proteção de plástico e comece a limpeza a seco. Nesse caso, utilizo um limpador tipo APC e uma flanela de microfibra.

Definitivamente: a forma mais segura de limpar a caixa de fusíveis.

É importante lembrar que boa parte desses desengraxantes são condutores de eletricidade, para não levar um choque ou colocar algo em curto circuito, opte por não molhar as superfície próximas de eletricidade.

Depois de remover o plástico aplique o produto de limpeza (a seco ou APC)

Para fazer a limpeza, utilize uma solução de limpeza de plásticos ou de lavagem a seco, aplique sobre o pano e então limpe a superfície.  

Esfregue com um pincel.

Enxágue com água sem pressão: utilizo um pequeno regador, que funciona perfeitamente para esse trabalho. (Detalhe para a caixa de câmbio que estava nojenta e agora está com a dignidade recuperada)

Seque imediatamente os terminais elétricos. (Você pode usar luvas de vinil, para não terminar com as mãos mais sujas que o motor... Ou se seu desengraxante for muito forte)

Os reservatórios de líquidos oleosos, como fluido de freio e direção hidráulica, podem ser limpos com o desengraxante. Aplique o desengraxante diretamente no pincel, esfregue a sujeira e remova com água com baixíssima pressão. Particularmente gosto de fazer esse enxágue utilizando um regador, até porque não espirra água em todo o resto do motor já seco/limpo.
As tampas quebradas merecem uma atenção especial. Não jogue água nem use algum produto químico. Se não for possível repor a tampa, você deve prosseguir com a limpeza a seco, borrifando o produto na toalha e aplicando sobre a superfície. Troque a tampa assim que possível.

Produtos desengraxantes:

Para esclarecer um pouco mais sobre os desengraxantes e te ajudar na hora de escolher o produto mais indicado para seu uso, vamos falar dos principais componentes de um desengraxante. Existem pelo menos 5 princípios ativos para remover as graxas: solvente orgânicos olefínicos, solventes orgânicos clorados, tensoativos, ácidos e álcalis.

Querosene/Nafta: são desengraxantes poderosos derivados do petróleo e relativamente baratos, não prejudicam as superfícies, mas são inflamáveis, altamente poluentes e a inalação prolongada causa vertigem e problemas nos pulmões, como pneumonia química. Deve-se usar máscaras para solventes orgânicos quando manipular esse tipo de desengraxante e evitar abertura de chama nas proximidades.

***Organoclorados: está aqui citado apenas como forma de preveni-los de utilizar esse tipo de componente. São desengraxantes de uso industrial pouco comuns no varejo devido a alta toxicidade e associado a casos de câncer. O uso correto é em lavagem de peças por imersão em tanques apropriados. Não é recomendado para o uso na lavagem do motor devido a alta volatilidade e toxicidade. Os principais solventes clorados utilizados são: Tetracloroetileno (ou percloroetileno) e Tetracloreto de Carbono.

Tensoativos avançados: não utilizam álcalis ou ácidos como princípio ativo, nem solventes orgânicos olefínicos e são muito pouco agressivos às superfícies, inclusive ao alumínio. Para certos níveis de sujeira, a aplicação dispensa a agitação com uso de pincéis ou escovas. É muito eficiente sobre manchas de óleo aderidas sobre a superfície.

Ácidos ou álcalis: são desengraxantes baratos, de uso restrito a superfícies ferrosas. São muito agressivos ao alumínio e por isso devem ficar longe de motores e rodas polidas. O uso exige teste prévio sobre a superfície para determinação de potencial de deterioração da superfície.

Desengraxante cítrico: utilizam um tipo de tensoativo que é potencializado em pH baixo. O ácido cítrico é suficientemente ácido para a tarefa e pouco reativo, além de ajudar a remover sujeiras silicosas incrustadas.

Antes e depois: um visual bem diferente, que valoriza o carro. Se quiser, você ainda pode aplicar sobre as superfícies plásticas algum tratamento de superfícies tipo "Back to Black", "Plastic Restorer", etc... Nesse caso, ainda não apliquei nada sobre os plásticos e já têm um aspecto muito bom.

Espero que com todas essas dicas eu tenha colaborado com algo na sua rotina de limpeza do motor. Aguarde as próximas dicas de limpeza automotiva! Façam um bom trabalho e até o próximo Dia de Garagem!