terça-feira, 29 de setembro de 2015

Dica Geek: faça diluições com água destilada!

De que adianta comprar os melhores produtos do mercado, se na hora de diluir você pega água da torneira? Parece um questionamento estúpido, mas aqui vai a explicação:

Se você diluir detergentes, ou quaisquer produtos de limpeza que contenham tensoativos, surfactantes, pH balanceado ou pH ideal, utilizando água da torneira, você simplesmente reduz a eficiência do produto. Diluir dessa forma, você diminui a concentração do princípio ativo (o que é desejado, afinal você está diluindo) e ao mesmo tempo promove a reação deles com os íons presentes na água, ou seja, inutilizando uma parte do princípio ativo.

Na água da torneira, existem íons dissolvidos, entre eles, carbonatos, sulfatos, nitratos e cloretos, ligados a ferro, magnésio, cálcio, etc... que reagem com os princípios ativos dos produtos químicos de limpeza e reduzem a eficiência. Por exemplo, o cálcio (amplamente encontrado em água) é muito reativo com o tensoativo e isso reduz o poder de limpeza de limpadores e detergentes. É a famosa água dura. O resultado não melhora muito se utilizar água mineral, aliás, pode ser ainda pior.

Então, da próxima vez que for fazer alguma diluição, utilize água destilada, água desmineralizada ou água deionizada e aproveite o máximo da eficiência da sua solução!

domingo, 27 de setembro de 2015

Teste de produto: Alcance Química - Iron Z

Assistir os vídeos de utilização do Iron Z é bastante animador: você aplica o produto, ele vira um caldo roxo, você esfrega um pouco e de repente a roda do seu carro sai brilhando. Fantástico! No meu teste foi exatamente assim. Apliquei, esfreguei um pouco e depois de enxaguar, a roda estava bem limpa!


Ponto (muito) negativo: Não há nenhum site da marca Alcance química que traga informações sobre o produto, nem aplicação, muito menos toxicidade ou a ficha "FISPQ - Ficha de informações de Segurança de Produtos Químicos" que acompanha, ou pelo menos deveria acompanhar, todos os produtos químicos. Todas as informações que encontrei sobre o produto foram trocas de experiências em fóruns ou experiência própria. Consultando o CNPJ, encontrei a empresa "BSB Química", que também não tem um website ou quaisquer informações sobre os produtos.
Outras falhas: o rótulo apresenta alguns erros de português, incluindo a grafia incorreta do "CEATOX - Centro de Assistência Toxicológica.". Pouca coisa, mas cada detalhe conta.

No rótulo diz: "Produto com odor desagradável" e bota desagradável nisso!  Provavelmente o produto é a base de algum sulfonato (sais de reação com ácido sulfônico), que exalam um odor bastante desagradável de ovo podre. Então, primeiro cuidado: use luvas, óculos de proteção e máscara, afinal é um produto bastante irritante para a pele e mucosas e aspirar os vapores do borrifador, não é nada agradável, mesmo! Cuidado extra: aplique em um ambiente ventilado.


Ele ajuda a remover o pó de freio de forma bastante eficiente. Minha garagem não ficou com nenhum resíduo preto no chão e logo na primeira aplicação o resultado foi muito bom, mas deve-se levar em conta que em uma roda não há apenas pó de freio: existem manchas de piche, graxa e outros resíduos que o Iron Z não tira. Portanto, não adianta muito aplicar, reaplicar e esfregar o Iron Z nas manchas que restarem: elas não são incrustações de pó de freio, mas resíduos de piche! (obviamente ela  ainda faz o Iron Z ficar roxo porque tem o maldito do pó misturado ali). Nesse caso, utilize algum desengraxante a base de Nafta.

Detalhe de toda a sujeira que estava na roda antes de aplicar o Iron Z.

Basta uma leve esfregada com um pincel, para espalhar bem o produto, para toda sujeira sair de cima da roda!

Durante a aplicação, forma-se esse caldo roxo, que deve ser enxaguado sem deixar o produto secar sobre a superfície. Sabe lá Deus o que pode acontecer...

Basta jogar água e as coisas voltam a brilhar

As malditas manchas de piche: Jogar Iron Z aí vai deixar o produto roxo, mas vai te dar a maior canseira tirar na base da esfregada... Nesse caso use um desengraxante a base de Nafta.

No entanto há uma coisa que me incomodou um pouco no resultado: a superfície das rodas, depois que secaram, mostraram que o produto foi levemente agressivo, o que demanda algum pós tratamento com cera. Há de se convir que as rodas são bem antigas, já sofreram todo tipo de agressão do meio e que o Iron Z talvez tenha apenas trazido a tona todos os defeitos que estavam mascarados. Em todo caso é uma observação que deve ser feita e levar em consideração antes de sair jogando esse produto sobre toda a lataria, como algumas pessoas fazem.
Uma segunda observação: a virola do pincel que utilizei (virola é aquela parte metálica na qual se prende as cerdas) sofreu uma leve oxidação. Um teste mais profundo com a interação do Iron Z com metais ferrosos foi preparada e você pode ver aqui.

No fim das contas, o Iron Z se mostrou um produto bastante eficiente, mas há as ressalvas a se fazer sobre sua composição química obscurecida por termos genéricos (tensoativos, coadjuvantes, conservantes...) e a falta da FISPQ. É um produto químico, bastante forte por sinal e de uso comercial/industrial e como todo produto químico, pode causar acidentes de trabalho, principalmente pela falta de EPI's. Ter em mãos a composição química correta, pode salvar minutos preciosos na prestação de socorro, além da aplicação correta dos antídotos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Como remover mancha de infiltração de garagem

Nada mais desagradável do que estacionar seu carro em um condomínio e no dia seguinte encontrar ele com manchas escorridas sobre a pintura!
Calma. Muita calma nessa hora. Não esfregue nada na pintura antes de ler todo esse artigo.

De onde vem essa mancha? Essa mancha é causada pela deposição e cristalização de partículas do cimento, rico em cal e outros óxidos alcalinos, tendo um pH muito elevado (em torno de 12,5) e muito material particulado, que criam uma forte adesão na superfície. Esfregar qualquer coisa sem tomar alguns cuidados pode arruinar a pintura!

Ferramentas necessárias:
Pano de microfibra, flanela ou chumaços de algodão: com eles você vai fazer a aplicação da solução de limpeza. Não use nada abrasivo.
Detergente limpa chassis ácido, Detergente de limpeza pós obra ou suco de limão: utilize soluções suficientemente concentradas (diluição entre 1:10 e 1:20), ou suco de limão puro.
Balde com água: periodicamente jogue água na lataria para remover respingos da solução.
Luvas e óculos de proteção: essenciais.

Primeiramente, lave a superfície a ser trabalhada com um shampoo automotivo neutro (ou um limpador a seco) em uma área protegida do sol, para remover as sujeiras do dia a dia. É imprescindível que a lataria esteja limpa e fria antes de começar a remoção da mancha.
Em seguida, aplique a solução ácida com auxílio de uma flanela ou pano de microfibra, esfregando a mancha suavemente. Com o suco de limão, a remoção pode ser um pouco mais demorada.

Caso a mancha comece a efervescer, trabalhe um pouco mais rapidamente sobre ela e faça enxágues periódicos. Tenha junto com você uma boa quantidade de água.

Durante a aplicação, vire o pano constantemente, sempre mantendo uma face limpa, pois com o tempo começa a acumular pequenos cristais no pano, que fatalmente riscam a superfície.

Dica: utilize movimentos pequenos, em todas as direções, para potencializar a remoção da mancha.

Depois de remover a mancha lave bem a superfície.


Troubleshooting:

Se restarem pequenos pontos, menores que 1mm, utilize uma Clay Bar para a remoção completa. Mas não esfregue a Clay bar com força contra a superfície!

Se surgirem riscos sobre a pintura, utilize um composto polidor com aplicação manual em movimentos retos e não se esqueça de proteger a pintura com algum tipo de cera!

Teste de produto: Vonixx Microlav

A conservação dos panos que utilizamos sobre o carro também merece atenção. A limpeza de panos de microfibra com detergentes de cozinha ou detergente para lavagem de roupas é errada: os produtos domésticos tradicionais são muito agressivos e cooperam para a degradação das fibras. Pelo menos é o que dizem os caras que querem nos vender produtos.


Como todo bom curioso, resolvi testar detergentes que prometem uma limpeza eficiente e capaz de condicionar as microfibras deixando-as macias e prolongando a vida útil. O primeiro detergente que testei foi o Microlav da empresa brasileira Vonixx. Bem apresentado em embalagem de 500ml com dispenser embutido e design peculiar. Ponto positivo: a empresa tem um site, no qual apresenta toda a gama de produtos, mas há muito pouca informação sobre a utilização.

A promessa é de um produto com rendimento elevado: 30ml do produto é capaz de lavar 800g de toalhas de microfibra em lavagem manual ou até 5kg das toalhas se lavadas na máquina, diluindo o produto em 5L de água.

Comprei o produto na loja Master Cleaner, por algo em torno de 28 reais. Mesmo sendo um produto concentrado, para 500ml é um preço bastante elevado, ainda que prometa um rendimento alto. O primeiro teste foi com microfibras com sujeiras comuns da limpeza de um carro: resíduos de flotador e cera rápida, cocô de passarinho, poeira da lataria sem pó de freio.

Medi em um pequeno béquer exatos 30ml e um balde com demarcação de 5L. O momento da diluição foi um pouco desagradável: o perfume não me agradou nem um pouco. Concentrado, lembra o cheiro de desinfetante, que me lembrou imediatamente um banheiro de rodoviária recém lavado. Por um lado é bom sentir aquele cheiro... quando se está em um banheiro público. Se tivessem apostado em um produto sem cheiro, esse parágrafo simplesmente não existiria. Diluído, o cheio não melhorou muito. Isso aliado à sensação ruim de manipular tensoativo concentrado: parece um óleo que depende de muita, mas muita água corrente para sair da pele. 

O pequeno béquer.

Fora o cheiro, o Microlav teve um resultado de médio a satisfatório. Digo isso porque deixei minhas toalhas de molho pelos 30 minutos recomendados na embalagem e elas soltaram cor. Assim, as brancas ficaram inteiras com cor de pano mal lavado, a amarela ficou com manchas azuis e as azuis ficaram desbotadas. Em contrapartida, retirar as sujeiras das toalhas foi fácil, muito fácil. Bastou uma agitação manual nos panos dentro do balde e uma esfregada um a um, sem necessidade de um esforço colossal. O enxágue foi um pouco demorado, mas nada alarmante.

Depois de secas, para minha surpresa, as toalhas não estavam exatamente macias e o cheiro ainda era forte, porém melhor do que eu esperava. Para um produto que promete condicionar as fibras e mantê-las macias, não notei muita diferença na maciez entre lavar com o Microlav ou com um detergente neutro. Quem sabe a diferença seja notável no longo prazo, na conservação das fibras, então o tempo trará a resposta mais apropriada.

O próximo detergente para microfibras a ser testado é o Microfiber Wash da Chemical Guys.

domingo, 13 de setembro de 2015

Caneta lubrificante

Pressuponho que todos aqui conhecem o WD40, sua enormidade de aplicações e a grande variedade de embalagens, seja ela uma pequena lata de spray ou uma gigantesca lata de 18L.
Uma versão, que é novidade para nós, tem aparecido em algumas lojas, a "No-mess pen", uma caneta cuja carga é nada menos que o famoso desengripante.

WD40 a preço de ouro e a mesma identidade da marca. Corpo azul, logo amarelo e tampa vermelha!

No entanto é bastante caro, 7.7ml por 15 reais, ou mais. Vi em um blog russo uma forma de recarregá-la, fazendo um furo no fundo da caneta para injetar o conteúdo do aerosol e tapando-o com um pequeno parafuso. Bem criativo. 

Mas, pela manhã, enquanto escrevia em um quadro branco, me dei conta de que a caneta que eu utilizo, Vboard Master da Pilot, possui um cartucho de tinta líquida reposicionável.

Essas canetas são fantásticas e duráveis! Quando a tinta acaba, basta trocar o cartucho. Se a ponta estragar, basta trocar a ponta! O meio ambiente agradece!

Pensei: e se eu preenchesse o cartucho vazio com óleo multiuso (ou outro) para aplicar em pequenos detalhes?


Um cartucho vazio e lavado. Limpar o resíduo de tinta requer um pouco de paciência. Dica: use álcool e um pincel fino de cerda dura; o invólucro, o disco de plástico, pode ser descartado.

Comprei uma caneta nova, sem que o cartucho estivesse instalado, ou seja, sem que tivesse tido contato com a tinta, por R$ 7,60. Peguei um cartucho usado, limpei, adicionei Óleo multiuso (tipo Singer)** para o teste, segurei a caneta com a ponta para baixo até que a ponta encharcasse com o óleo e... 


Sucesso. A caneta deposita a quantidade certa de óleo, suficiente para pequenas lubrificações tópicas, tão prático e limpa quanto a "No-mess pen", um bocado mais barato e recarregável. Assim não sobra nenhum pincel para limpar depois e nem suja as mãos com resíduos!
Deitada, não vazou nada pela ponta e não se esqueça: ela deve ser armazenada DEITADA ou com a ponta para cima. Também não se esqueça de seguir as instruções que valem para a caneta com tinta: retire e recoloque o reservatório apenas com a ponta virada para cima.

*Caso você queira carregar a caneta com o WD40 do aerosol: cuidado. O líquido sai da lata rico em gás (propelente a base de propano = inflamável), portanto não faça em ambiente fechado, perto de chama ou fonte de calor. Aperte a válvula com cuidado, evitando criar névoa, de preferência utilizando o "canudo" vermelho que acompanha o aerosol, transferindo primeiro uma quantidade razoável, em torno de 5 a 10ml, para uma pequena garrafa (pequena mesmo, de no máximo 50ml). Deixe o líquido descansar com o vasilhame aberto por pelo menos 2h, para escapar o gás dissolvido no WD. Só então coloque o líquido no reservatório da caneta. 
(Se esse período de desgaseificação não for obedecido, há risco da caneta expulsar vigorosamente o líquido e nem precisa me perguntar como eu sei disso.)

**Porque utilizei óleo multiuso Singer: O WD40 tem diversas aplicações, mas lubrificação não é o forte do WD, principalmente em um carro. A própria marca diz que é um lubrificante para baixo atrito (dobradiças, fechaduras e cadeados). Na prática o WD40 dissolve os lubrificantes mais pesados, como óleos de maior viscosidade e graxas. WD é um óleo de penetração, com a finalidade de desengripar peças oxidadas e proteger peças metálicas de oxidação ou realizar limpezas em superfícies diversas, inclusive eletrônicos.

Farol amarelado?

Fica feio, desvaloriza o carro, prejudica a visibilidade e o pior: nem sempre é culpa do proprietário. O farol amarelado é resultado da degradação do policarbonato, ou do verniz, diante dos raios UV do sol. Prevenir nem sempre é facil, mas remediar pode não ser tão difícil assim!

Farol de um Corolla 1998, original: 17 anos de exposição à condições adversas!

O primeiro passo para atingir uma boa melhoria é avaliar se há ou não camada de Verniz sobre a lente. Se houver, será necessária uma etapa de aplicação de verniz logo depois do lixamento. Sim, o primeiro passo para devolver ao farol um pouco da transparência que lhe foi tirada, é lixar a superfície.
Não só a qualidade estética está em questão. Depois de polida, a qualidade óptica do farol é brutalmente superior!

A primeira etapa, de remoção da camada deteriorada, deve ser feita de preferência com um bloco de espuma com abrasivo #800 (lixamento na horizontal). Muito cuidado com os arredores do farol. De preferência faça um contorno de fita crepe e papel nas partes pintadas (que eu fui negligente, porém muito cuidadoso no processo e mesmo assim passei alguns minutos polindo os arredores). Faça o lixamento em uma única direção, sempre lubrificando a superfície com água, utilizando um borrifador. Uma vez que a água que escorre da lubrificação apresentar uma coloração branca (nas primeiras lixadas a água sai bem turva), é hora de parar com a lixa #800. 


Em seguida, é hora de partir para uma série de "refinamento" com lixas cada vez mais finas. Optei pelas lixas #1000 (lixamento na vertical), #2000 (lixamento na horizontal) e um pré polimento com uma lixa Trizact #3000 (rotativa).
Como não constatei a presença de verniz automotivo nesse farol, segui diretamente para o polimento, mas, caso haja necessidade de aplicação, dispense o pré polimento, limpe muito bem a superfície com álcool isopropílico e aplique o verniz após a lixa #2000. Não se preocupe, se o verniz for bem aplicado a superfície não ficará marcada pela lixa #2000 e as estrias deixadas pela lixa não vão permitir que o verniz craquele. Use verniz de boa qualidade e respeite os tempos de cura antes do polimento.

Superfície da lente pré polida com a Lixa Trizact #3000

O polimento começou utilizando uma boina agressiva e o composto polidor com alto poder de corte. Cuidado: mesmo em superfícies transparentes é possível que apareçam hologramas!

De lá pra cá a diferença entre as etapas é cada vez menor, mas é fundamental ir até o fim do processo!

Seguindo diretamente para a fase de lustro, pulando a etapa de refinamento, utilizando uma boina supermacia com composto Lustrador.

Superfície lustrada! Como o efeito holograma sobre a superfície transparente foi mínimo, foi possível pular a etapa intermediária de refino e partir diretamente para a fase de lustro.

Finalizei a recuperação do farol com a aplicação de uma cera sintética para o selamento da superfície, para garantir uma superfície lisa e brilhante.

Farol pronto! Lixado, polido, lustrado e protegido. Resta descobrir se vai durar mais 17 anos assim!

Boa sorte com o trabalho e até o próximo #DiaDeGaragem

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Vamos falar de Velas!

A função primordial de uma vela é fornecer ao sistema a energia de ativação da explosão da mistura ar-combustível. Fora isso, o funcionamento correto das velas garante uma centelha no momento certo e por consequência um funcionamento bem equilibrado do motor, resultando em melhor rendimento.

O princípio de funcionamento de uma vela é bastante simples. Voltemos ao ensino médio e lembremos das aulas de física, quando o professor falava de arco elétrico. É isso. A vela nada mais é do que um gerador de arco elétrico, que opera com tensões muito altas (acima de 10kV) e corrente baixa.

O principal sintoma de uma vela no fim da vida útil ou irregular é a dificuldade na partida.
Quando o espaçamento dos eletrodos é excessivamente grande (estamos dizendo de aproximadamente 0,4mm maior que o espaçamento ideal), a bobina pode não oferecer tensão suficiente para "abrir o arco", portanto não haverá centelha e não haverá explosão.

Vela com gap fora de especificação: o carro apresentava dificuldade na partida e oscilações em baixas rotações. (Lâmina de 0,8mm)

Alguns especialistas defendem o uso de uma abertura maior, de 1.1mm nas velas, alegando melhora no consumo e níveis de poluição. Particularmente não senti nenhuma diferença no consumo e como não tenho como aferir os níveis de poluição, mantenho os 0,8mm que tem o tempo entre inspeção maior.

Nessas horas que vendedores maliciosos podem te dizer que será preciso fazer uma limpeza dos bicos injetores, e simplesmente retiram as velas, ajustam o espaçamento (sem nem trocá-las) e te cobram o olho da cara por isso. Um procedimento simples, que em casa, com ferramentas certas você mesmo pode fazer. Veja aqui o procedimento completo.

Vela usada com o gap ajustado para 0,8mm.

Sobre ajustar o espaçamento do eletrodo e utilizar a vela por mais 10 mil quilômetros, funciona, mas fique atento quanto à integridade da vela. Velas muito desgastadas, numa emergência, tranquilo, mas recomendo a troca. É preciso lembrar que seu carro vai funcionar fora do regime ideal das velas e em casos de velas que possuem um chanfro no eletrodo, geralmente ele desaparece, que leva a perdas na performance da vela. Outro ponto a se ressaltar é que dentro da câmara de combustão as velas ficam em uma posição otimizada.
Quanto ao meio ambiente: essas explosões, quando ocorrem de forma irregular e fora do momento certo, alteram a composição dos gases de escape, emitindo maiores volumes de Hidrocarbonetos (perceba: gasolina mal queimada é prejuízo para você) e monóxido de carbono.

Detalhe do chanfro da vela NGK Green de uma Montana 1.4 depois de 15000km. Ainda aguenta alguns milhares de km. Esse chanfro desaparece conforme o gasto da vela.

Como ajustar o espaçamento (gap) das velas do seu carro?
É uma tarefa simples, mas que exige boas ferramentas, chave de vela e calibrador de espaçamento (Feeler gauge) e uma boa dose de cuidado. Digo boas ferramentas, porque a remoção e colocação das velas exige um pouco de esforço e bastante cuidado. Chaves de vela de má qualidade podem não resistir a todo o processo ou não possibilitar a aplicação do torque ideal. Ferramentas inapropriadas, podem quebrar o isolamento da vela e isso se tornaria em despesa extra. Antes de instalar novamente, limpe os eletrodos e as roscas com um "Spray Limpa TBI", para tirar contaminação de óleo e carbonização, mas nem pense em jogar fluido de limpeza nos buracos da vela, pode dar calço hidráulico.

Na base do isolador é comum aparecer uma faixa escura. É uma mancha gerada pelo Efeito Corona, quando há uma descarga elétrica entre dois eletrodos de alta tensão sobre um material isolante.

Sobre colocar velas "Iridium" no seu carro:
Pode haver um benefício, principalmente no quesito durabilidade. No entanto, em um informativo da NGK dos EUA, dizia que em veículos que não possuem bobinas individuais para cada vela (ou seja, que ainda dependem de um distribuidor) a vida útil da vela é comprometida. Assim, aquela troca esperada para os 100 mil km, pode sofrer uma antecipação.
No entanto, elas já se provaram mais eficientes e têm se tornado uma nova tendência para o mercado, o que é muito bom, pois assim haverá uma redução significativa na produção de lixo, já que o corpo da vela não é reaproveitável e de difícil reciclagem!

Para mais informações técnicas e especificações sobre as velas e cabos que equipam seu carro, acesse a tabela de aplicação da NGK. No final do encarte existem informações bastante interessantes sobre a conservação das velas e o que é possível concluir a partir da observação do estado das velas!
http://www.ngkntk.com.br/automotivo/wp-content/uploads/2015/03/Miolo_04R_2015_2.pdf