Salve entusiastas da garagem!
Vamos para mais um artigo sobre polimento automotivo e dessa vez vamos falar sobre os diferentes tipos de politriz, reunindo informações dos melhores fóruns de detalhamento automotivo (autogeekonline.com, autopia.org, AmmoNYC.com e Meguiars Online) e de experiências pessoais, que venho colecionando com o tempo.
Qualquer um que tenha interesse pelo assunto, já pensou em comprar uma politriz para fazer trabalhos de polimento no carro. O problema é que existem diversos tipos de máquinas no mercado e muito pouca informação que te ajude a escolher o equipamento ideal, então te ajudo a responder: qual a melhor politriz?
Comprar a máquina mais barata não é a forma mais correta de comprar uma politriz. Existem alguns modelos de até R$ 150,00 que você liga no cinzeiro do carro e talvez sirvam para espalhar cera sobre a lataria (ou nem isso), algo que você pode fazer "facilmente" sem uma ferramenta elétrica. Também não é necessário investir nas máquinas mais caras do mercado, se tudo o que você quer é só deixar o seu carro com a pintura em ordem.
Ok, então o que é preciso olhar na hora de comprar uma máquina?
Potência: máquinas potentes terão melhor aproveitamento a longo prazo: você poderá trabalhar com boinas maiores, portanto áreas maiores. Para boinas maiores que 5 polegadas, em politriz rotativa, o ideal é utilizar uma máquina com pelo menos 1000W de potência. Para boinas menores, dê preferência para máquinas menos potentes.
Uma máquina de 1600W é melhor que uma máquina de 700W?
Se te disserem que uma máquina de 1600W aguenta trabalhar por mais tempo que uma de 700W, porque "esquenta menos" isso é conversa: motores elétricos não funcionam dessa forma. O correto dimensionamento de um motor é muito importante para evitar desperdício de energia elétrica e ponto. Excesso de potência significa maior aquecimento da boina, consequentemente da superfície a ser polida.
O x da questão aqui é: a potência (P) de um motor está relacionada com o torque (T) e a velocidade angular (RPM) tal que P = T x RPM. Isso não tem absolutamente nada a ver com o tempo que uma máquina vai aguentar trabalhando sobre a superfície, mas sim à quantidade de força que a máquina transfere para a boina.
No mais, o rendimento de um motor elétrico está intimamente ligado à carga que ele é submetido. Um motor de 700W funcionando a 90% da sua carga total, utiliza com mais eficiência a energia do que um motor de 1600W utilizando 40% da sua carga total, isso é uma característica do motor elétrico.
O que não se deve fazer com um motor elétrico é forçá-lo a ponto de reduzir excessivamente a rotação por exemplo, usando uma boina muito grande em uma politriz muito pequena e nem "pulsar" o motor, ligando e desligando-o repetidamente. Essas situações provocam o superaquecimento do motor, que é extremamente prejudicial à máquina e reduz consideravelmente a vida útil da máquina.
Ajuste de velocidade: O ajuste de velocidade é CRUCIAL para uma politriz. Isso porque você terá que trabalhar com diferentes velocidades em cada etapa do polimento, especialmente nas etapas de acabamento, em que a velocidade deve ser bastante reduzida.
O que é melhor, uma rotativa ou uma roto orbital?
Se seu carro não tem nenhum defeito grave na pintura, a não ser aqueles riscos de lavagem, uma roto-orbital é a melhor opção. Um pouco mais cara que a rotativa e mais difícil de encontrar, porém mais segura e mais fácil de trabalhar, reduzindo o risco de estragar a pintura, especialmente se você não tem experiência com politrizes.
É difícil dizer "qual é a melhor máquina". Eu diria que são máquinas complementares, que juntas ajudam o polidor a realizar os serviços mais diversos. Apesar do resultado de uma roto orbital ser tão bom quanto o de uma rotativa bem utilizada, a rotativa ainda é a máquina mais indicada para trabalhos severos - como remoção de oxidação da pintura - pois entrega o resultado mais rapidamente, sem a necessidade de partir para lixas.
Então, antes de sair pesquisando preço (ou sair babando nas máquinas ultra caras), vamos entender um pouco mais sobre os diferentes tipos de politrizes e os possíveis resultados e dificuldades que você pode encontrar.
1. Politriz Rotativa
Esse tipo de máquina é a mais comum de encontrar no mercado e oferecida pela grande maioria das fabricantes e distribuidoras de ferramentas elétricas (Makita, DeWalt, Bosch, Vonder, Black & Decker, etc...). A marca é uma escolha sua, mas lembre que a máquina deve possuir controle de velocidade, que te possibilita trabalhar em todas as etapas do processo de polimento. O peso é um fator importante, especialmente para trabalhos longos. Máquinas muito pesadas cansam mais o braço.
Em relação aos demais tipos, é a mais barata, mas também é a que exige maior destreza do operador. O uso incorreto da Politriz Rotativa pode introduzir na pintura inúmeros defeitos de polimento - Hologramas (Swirls Marks) - que podem ser minimizados de acordo com a habilidade do polidor e o tipo de boina utilizada, além de danos irreparáveis na pintura, caso a técnica correta não seja aplicada, principalmente se a máquina "escapar", quando estiver trabalhando em quinas.
A grande vantagem da politriz rotativa é a variedade de diâmetros de boinas que podem ser utilizadas, em uma máquina de 7 pol e 1250W, como essa DeWalt, pode-se utilizar de 4 a 8 pol apenas trocando o suporte de boina e selecionando a velocidade correta, tendo a máquina força suficiente para trabalhar com as boinas maiores.
Para boinas menores, entre 1 e 3 pol, prefiro máquinas menos potentes, para até 5 pol e 600W, exatamente por causa da potência máxima transferida da máquina para a boina. A Yes Tools introduziu no mercado a "mini politriz" que permite o uso em áreas pequenas, para trabalhar especificamente com boinas de 1 a 3 polegadas.
Por que? Como trabalhamos com boinas menores, a potência é distribuída em uma área menor e isso significa maior aquecimento das superfícies. Portanto, é mais seguro trabalhar com potências proporcionais ao diâmetro da boina.
P.S.: uma esmerilhadeira (esmeril) ou lixadeira roto orbital não servem como substitutos para uma politriz. A velocidade de trabalho do esmeril (11 000 rpm) é incompatível com qualquer etapa de polimento (de 1 000 a 2 800 rpm) e provavelmente destruiria a boina nos primeiros minutos. O mesmo ocorre com as lixadeiras roto orbitais, que realizam 12 000 opm (oscilações por minuto) enquanto uma politriz roto orbital realiza no máximo 3200 opm. Portanto não, nem tente usar essas ferramentas!
2. Politriz Roto-Orbital Aleatória
A roto-orbital aleatória, também chamada de Dual Action, resolve os problemas e defeitos de polimento que as Rotativas podem causar. É uma máquina menos agressiva, resultando em um corte mais demorado, pois dependendo da pressão e do ângulo entre a máquina e a lataria, a boina para de girar, restando apenas o movimento orbital. Por ser menos suscetível a erros, a etapa de lustro feita com a roto orbital é mais rápida. Para iniciantes, é o tipo de máquina mais fácil de usar, porém é também mais cara que a rotativa.
No Brasil, é oferecida pela Meguiar's, Kers e Cadillac. Algumas raras vezes você encontra roto orbitais da Rupes, que são máquinas bastante caras.
Nas máquinas aleatórias, a excentricidade da orbita é um fator importante, sendo que a orbita de 8mm é menos agressiva que a de 15mm, por sua vez, menos agressiva que a de 21mm.
Se por um lado ela é menos suscetível a erros, por outro, ela não te permite utilizar boinas de tamanhos muito variados. Alguns modelos permitem o uso de suportes de 3 a 6 pol sem afetar excessivamente o balanceamento da máquina, mas na maioria dos casos limita-se a suportes de 5 e 6 pol. Isso dificulta o polidor a realizar trabalhos em veículos com muitos vincos, ou detalhes, que em geral requerem boinas menores.
3. Politriz Roto-Orbital Forçada (Direct Drive)
A Roto-Orbital Forçada, é uma solução para a parada de rotação da roto orbital aleatória. Isso é muito útil na etapa de corte, quando o movimento de rotação é importante, bem como aplicação de pressão sobre a máquina, o que é um pouco limitado na roto orbital aleatória.
Essa limitação foi resolvida fazendo o suporte girar forçadamente, independente se há ou não pressão sobre ele. Isso se traduz em um poder de corte superior, bem como em um trabalho ainda mais rápido de corte e lustro, mas aumenta o risco de danos na pintura em situações semelhantes à rotativa.
Há pouquíssimas máquinas desse tipo no mercado e são bastante caras, sendo oferecidas apenas pela Kers e Flex.
A desvantagem fica por conta da limitação do tamanho das boinas, entre 5 e 6 pol, o barulho (de todas é a mais barulhenta) e o preço da máquina, que é pelo menos o dobro do preço de uma rotativa.
4. Adaptador para furadeira
Existem dois tipos de adaptador no mercado. Um deles é um prato de borracha, preso por um parafuso, no qual a boina de lã é amarrada.
Esse tipo de adaptador é muito pouco recomendado devido as inúmeras limitações e a baixa qualidade do polimento que oferece: é difícil regular a velocidade da máquina e manter a boina paralela à lataria. No mais, é muito comum o parafuso espanar, inutilizando todo o conjunto.
Há no mercado especializado, adaptadores de rosca que permitem o uso dos suportes para politrizes em furadeiras, que oferecem uma melhor qualidade de fixação. No entanto, não significa que é recomendado polir um carro inteiro com esse setup. Usa-se para pequenas áreas, como frisos, faróis e remoção de pequenos riscos localizados.
Note que, para essa finalidade, deve-se utilizar uma furadeira com ajuste de velocidade, bem como trabalhar com boinas entre 1 e 3 polegadas, no máximo.
A falta de precisão na empunhadura da furadeira, é suficiente para não encorajar o uso desse artifício em áreas grandes, que produziria uma grande quantidade de hologramas.
O investimento na máquina varia muito de um orçamento para outro. O ideal, para começar, seria uma máquina tipo Roto Orbital aleatória, com órbita de 8mm. No entanto, uma politriz Rotativa de 5 pol, com ajuste de velocidade, pode ser uma máquina suficiente para o entusiasta iniciante, desde que sejam respeitados todos os cuidados com esse tipo de máquina.